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Artigo de Opinião

Miguel Milhão: Prozis e Contras

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Depois da revogação do Direito ao aborto nos Estados Unidos e o polémico caso da atriz brasileira Klara Castanho, o tema do aborto tem sido debatido mundialmente. Muitas pessoas expressaram as suas opiniões nas redes sociais, tal como aconteceu com Miguel Milhão. O CEO da Prozis escreveu o seguinte: “It seems that unborn babies got their rights back in USA! Nature is healing!” (“Parece que os bebés por nascer recuperaram os seus direitos nos EUA! A natureza está a curar-se!”). Como já seria de esperar, várias pessoas revoltaram-se contra a frase utilizada, por acharem que esta expressa uma opinião errada e que apoia um retrocesso na sociedade norte-americana.

No séc. XXI é de admirar e lamentar a existência de retrocessos. Eu, enquanto mulher, sinto-me triste por saber que o direito ao aborto ainda é negado em várias culturas. Isto significa que existem várias mulheres pelo mundo que são sujeitas a práticas perigosas para provocarem o aborto, por não terem possibilidades financeiras, condições emocionais, ou porque aquele bebé foi gerado por um crime abominável, que será sempre relembrado.

Miguel Milhão tem o direito de expressar a sua opinião, como todos nós temos, contudo, enquanto líder de uma grande marca devia saber que as redes sociais, hoje em dia, são tribunais públicos, onde se julgam opiniões e comportamentos. Miguel Milhão provavelmente sabia que a sua marca iria sofrer consequências, pois as pessoas estão cada vez mais informadas e procuram saber quais são os valores das organizações.

A publicação até podia ser eliminada, o fundador da Prozis poderia ter tratado o assunto de outra forma, poderia até ter sustentado a sua opinião sem agressividade. Miguel criou um podcast apenas para o público interno da prozis, designado “Conversas do Karalho”, mas tornou-o público para conseguir falar sobre toda a polémica que se estava a gerar. Podia ser uma oportunidade para lamentar toda a repercussão que a sua frase estava a criar, mas isso não aconteceu, tornou-se um discurso de ódio contra quem não concorda com ele, foi um discurso de superioridade que não demonstrou qualquer arrependimento pelas consequências que a marca pode sofrer, dizendo até que a Prozis não precisa de Portugal.

Foram várias as influenciadoras que recusaram voltar a trabalhar com a marca devido a esta polémica, como por exemplo: Jéssica Athaide, Marta Melro, Diana Monteiro, entre outras. Miguel Milhão afirma que a marca não tem nada a ver com as suas opiniões pessoais, mas é a Prozis que está a sofrer as consequências.

Será este um assunto que irá prejudicar a marca a longo prazo, ou será esquecido daqui a 2 dias?

Artigo da autoria de Inês Ribeiro