Devaneios
O APOCALIPSE
Chegou o apocalipse
Para uma realidade garantida.
Julgava-se que se tinha tudo,
Posses, patrimónios, poderes.
Num ápice, tudo esvoaça
Na poeira incógnita
Que o ar trata de normalizar.
Das posses para o vazio,
Dos patrimónios para o natural,
Dos poderes para o destino.
Foi tempo de sonhar
Mas chega por hoje,
Data em que tudo acabou
No apocalipse que tudo levou.
Resta a história
Do que se fez e que ecoou
Na memória do mundo
Que rodará sem parar.
Sobra a experiência
De uma posse que se perdeu
Mas de uma aura que nasceu
Da criação da essência.
O apocalipse leva a realidade
Que se garantiu no que se viveu.
Solta-se a iminente gratidão
Da modesta mas bela contribuição.
Chegou o apocalipse
Reconhecedor da vida usufruída.
É tempo de voar,
É tempo de desbravar o que falta.