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Devaneios

ODE A MIGUEL TORGA

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Joana de SousaHá vinte anos se apagou a chama
Daquele a quem a vida tudo ensinou;
A voz do Homem
Do trabalho, da miséria, do infortúnio,
A alma transmontana
Que por vales e montes se fez Homem,
E por versos se fez artista.
A voz da esperança enaltecida em si,
A cada verso, a cada palavra,
Só eu lhe sinto o bater do coração.
Aquele por quem a pátria nova bandeira deveria içar.
Onde a esperança é mais vasta do que o sangue derramado.
A imensidão que enche o nosso olhar
Ao encarar o mundo na sua nudez.
O tempo não passa de um instante,
Tão sereno como as ondas da maré baixa
Que na orla me abraça,
Pacificamente…
Olhando para um horizonte sem fim.
Que dor é viver,
Um terror de ser.
O que é a vida senão um nevoeiro,
Um nevoeiro que teima em não dissipar.
Sou eu aprendiz de artista,
Que desde a aurora do meu ser aprende as palavras do Mestre,
Na esperança de que um dia,
Envolta nos braços da maresia,
Seja eu digna da poesia
Deixo arder…
Porque é o que arde que me faz viver.
Um dia serei nada
Um nada mais vago do que nada que hoje sou
E versos e prosas serão tudo o que restará de mim.
Este é o cântico que os deuses ecoam
Para o Homem que para sempre será
O poeta da Liberdade.

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