SOCIOPATIA

Há filmes de terror que passam fora do mundo cinematográfico. Há filmes nos quais nós somos inseridos, como um protagonista sobrevivente.

Hoje tenho um devaneio de carácter mais pessoal, onde o meu filme de terror é exposto.

Tiago, jovem perto dos 20 anos, frequenta regularmente o Porto, estuda no ensino profissional, sofre de personalidade narcísica e sociopatia.

Conheci-o na primária, já em criança possuía traços de tirania, governando o recreio, amedrontando, bom… principalmente a mim. Apesar de não nos cruzarmos muitas vezes, sempre me senti como um alvo de chacota por parte dele. Voltei a reencontrá-lo quando estava no 6º ano e imediatamente são disparados cenários na minha mente como um duelo entre os dois. Esses cenários foram-se levemente dissipando quando estabelecemos uma amizade. No 8º ano voltamos a ser da mesma turma, mas os rumos tinham mudado.

Daí começou a chacota de novo, a humilhação perante colegas, o apontar de dedos. Ele sempre fora alguém sem consideração pelos outros, mas não havia forma de lhe ter despoletado tanta raiva. Lembro-me ainda de um dia passar-me e pôr-lhe as mãos ao pescoço. Foi nesse momento que nos havíamos tornado inimigos mortais, dois rapazes de apenas 13 anos, desejando a morte um do outro. Ele começou a influenciar grupos para me atormentar, ao ponto de fugir da escola e não voltar durante 3 semanas. Acabei por mudar de escola, mas por azar meu ao entrar no secundário voltamos a ser da mesma turma. Ele aí tomou o partido de sermos amigos de novo. Entretanto tudo voltou ao esperado quando me decide roubar e vender o telemóvel. Em 2013 tentei confrontá-lo, pois ele perseguia-me, rindo-se, gozando. Como um Waterloo, acabei por ser pontapeado e espancado por ele.

Tiago, jovem perto dos 20 anos, frequenta regularmente o Porto, estuda no ensino profissional, sofre de personalidade narcísica e sociopatia.

Quantas mentiras, quantas falsidades, quanta tirania e manipulação te tornaram na pessoa que és? Alguém como tu, que encontra a felicidade em praticar bullying na mesma pessoa anos a fio, persegui-la, agredi-la, condená-la a lembrar-se todos os dias do demónio que és.

Viver da maneira que tu vives não é viver, mas sim roubar vidas. A última cena do filme fecha com um blackout entre nós, e espero que um dia o faças para uma vida mais genuína, sem filmes.

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