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Artigo de Opinião

A MINHA UPINIÃO: 40 ANOS DEPOIS… SOMOS LIVRES?!?

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Maria AbrilComo muitos dos que trabalham na UP, nasci pouco antes da Revolução de Abril; Lembro-me por isso do cheiro a tabaco, das calças à boca-de-sino, das camisas de tirilene com padrões de gosto duvidoso… E pouco mais. Mas dizem-me que fiquei com o essencial. A Liberdade. Não tenho memória das greves, das lutas ou do saneamento dos professores, mas tenho a Liberdade. Pois declaro, em tom de Abril, que me sinto mal com o legado. Mais uma vez não o vejo e não o sinto… Existe? Penso baixinho na minha ingratidão, que o facto de poder expressar a minha UPinião é definitivo acerca da sua existência, mas vejam o outro lado – quantos de nós se privam da sua Liberdade para sobreviver? Sim sobreviver. Porque se não se estiver de acordo, é possível continuar? Ter UPinião não é sinónimo de ter a vida profissional em risco? Lamento dizer, mas em tantos cantos nada escondidos da UP é a realidade. O “saneamento” é substituído pelas mil e uma formas de evitar a progressão, ou o bem-estar, ou só o estar de alguém. Os laços que já existem são nós, que se ajeitam como escadas onde escorregam todos os outros… Muito lírico e demasiado real. Ainda.

Então olho para os alinhados. São homens, de semblante carregado, olhos parados, a cabeça sempre pronta a fazer um leve aceno, anuindo seja ao que for… Não tem idade – porque essa altera a cor, não a expressão. Continuam na fila para serem os próximos. São Livres? Lamento que tenham achado necessário renunciar a si próprios, provavelmente desde que estavam sentados na primeira fila do anfiteatro. São Livres?

Agradeço à minha imaginação, ter-me mantido sã e íntegra. Salva-me de um dia-a-dia em que me tentam moldar a uma forma que não me serve. A quem sirvo eu? Espero que aos alunos. Os restantes estão certamente bem servidos.

E se os meus argumentos confundem, fiquem só com o meu nome – tão ilusório como a própria da Liberdade:

Maria Abril

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