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Sociedade

Observatório de Inovação e Inclusão da U.Porto

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Foto: Bárbara Pedrosa

Surge, no âmbito do combate à desigualdade e promoção da inclusão social, no contexto da Universidade do Porto, o programa Skills for a Next Generation U.Porto.

Na apresentação do Observatório da Inovação e Inclusão, coordenado pela Professora Doutora Isabel R. Pinto, afirmou-se que a sua função é “recolher continuamente dados que nos permitam ser uma universidade mais inclusiva e aberta a todos. Vai-nos permitir implementar ativamente valores fundamentais da diversidade, da inclusão, tendo em vista a participação de todos na vida da U.Porto”.

Em conversa com o JUP, indicou, que o projeto: “surgiu como um output de um projeto anterior, que foi implementado pelo laboratório de psicologia social, o Educhate. Este era um projeto de intervenção que estava focado no discurso de ódio, em especial em contexto online e foi implementado em contexto educacional”. Desta forma, “a equipa foi compreendendo cada vez melhor a importância de desenvolver outros mecanismos de mapeamento, de práticas inclusivas e, por outro lado, de práticas lesivas, no contexto do ensino superior ao nível de inclusão. Ficou, assim, claro para a equipa que se devia ir mais além do que tinha sido planeado para este projeto (Educhate) e que era essencial dar continuidade ao trabalho desenvolvido e pensado”.

Assim, percebemos que, “por enquanto, não cabe ao observatório definir iniciativas ou implementar políticas, mas, antes, poder providenciar um conjunto de dados válidos e robustos cuja análise acabe por sustentar as futuras iniciativas e políticas no combate à desigualdade”. Para conseguir tal efeito, “o que importou, pelo menos nesta fase inicial, foi compreender essencialmente quais os grupos especialmente vulneráveis à exclusão, no contexto do ensino superior e, particularmente, na U.Porto, caracterizar a experiência desses grupos no ensino superior e mapear práticas atuais, tanto na própria Universidade do Porto, como no restante panorama do ensino superior português e também nas universidades de EUGLOH, da qual a U.Porto faz parte”.

Foi, ainda, salientado que “em última análise, as iniciativas podem estar fundamentadas naquilo que se pretende que venha a ser identificado a partir da análise das respostas ou dos dados que fomos recolhendo nas diferentes dimensões que propusemos para o observatório. Importa relembrar e manter presente que o observatório é algo recente, ou seja, foi algo que foi trabalhado entre janeiro e outubro deste ano, que era o que estava previsto a nível do financiamento do projeto em si, por isso, ainda existem alguns passos que têm de ser assegurados para garantir a fase posterior de definição de iniciativas”.

Na prática, o trabalho de investigação deste projeto consistiu em recolher dados já existentes na U.Porto, nomeadamente fornecidos por plataformas como a UPdigital e os SASUP. Outro objetivo é “preparar um instrumento de recolha de dados, ou seja, dados que nós recebemos através da própria literatura, que seria importante recolher ao nível da inclusão e inovação social e que ainda não estão recolhidos, a nível da U.Porto”. De modo a ter a maior informação possível, “criou-se um questionário, que ainda não está implementado, mas que prevê recolher esses dados, e ainda, a própria revisão da literatura para perceber as diferentes iniciativas que vão sendo implementadas na U.Porto, noutras universidades portuguesas e na plataforma EUGLOH”.

Foi explicado o seguinte:

“O desafio que nós prevemos assim como mais significativo tem a ver com a própria dimensão daquilo que propusemos para o observatório. A estrutura é composta por 4 grandes dimensões e cada uma compreende em si uma imensidão de dados quantitativos e qualitativos. A primeira está associada a literatura recolhida, que serviu de base para o questionário; a segunda é baseada na coleção de dados já recolhidos pela U.Porto através dos seus serviços, por exemplo, dos dados das próprias unidades orgânicas ao nível dos alunos de diferentes grupos que identificamos como vulneráveis e que é preciso analisar questões como a intenção de abandono ou a adaptação ao ensino superior; a terceira é o questionário para recolher os dados que consideramos que estão em falta e que é importante contemplar nestas dimensões; a quarta é uma checklist que pretende avaliar as estruturas físicas e online da U.Porto em matéria de acessibilidade física e cognitiva”.

Como este é um projeto de e para a comunidade, “ao longo do desenvolvimento do observatório houve pelo menos dois momentos em que toda a comunidade foi convidada a participar: a definição do questionário e dados a recolher; a identificação dos grupos vulneráveis“. Indica, ainda, que “Numa primeira fase, o observatório passou por entrevistas a elementos chave da comunidade, nomeadamente estudantes, sob a representação das associações de estudantes, docentes, através dos conselhos pedagógicos, e investigadores aliados a projetos relacionados com a inclusão. Também houve um evento intermédio em que toda a comunidade UP foi convidada a participar para trazer outros suportes para o observatório, ou seja, nós apresentamos a nossa sugestão e pedimos que nos indicassem o que achavam que era importante para complementar a sugestão apresentada, se concordavam com ela e o que esperavam do observatório perante o que se lhes estava a ser apresentado”.

Por fim, informou que o observatório, que está integrado no projeto Skills for a Next Generation U.Porto, no eixo da responsabilidade social, inclui ainda um portal de partilha de experiência docente na inclusão da diversidade. “Prevê-se que os outputs do observatório possam ser espelhados neste portal, de modo a tornar visível a documentação que vai sustentando e atualizando a estrutura do observatório, ou seja, a revisão da literatura, os artigos referentes a diferentes iniciativas, como planos de igualdade de género, para que toda a comunidade da U.Porto tenha acesso a estes documentos base e aos dados que são disponibilizados pelas estruturas da U.Porto”. Para além disto, é previsto, no portal “um espaço de testemunho onde, anonimamente, as pessoas da comunidade podem fazer chegar diferentes iniciativas, ideias e sugestões ou até mesmo o reporte de algumas situações que consideram pertinentes ver-se e analisar-se a nível de inclusão e inovação na U.Porto”, tal como o questionário referido anteriormente.

Escrito por Roselimar Azevedo
Edição por Carina de Seabra

Imagem por Bárbara Pedrosa