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Cultura

LUÍSA SOBRAL EMBALOU A CASA DA MÚSICA

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A Sala Suggia encontrava-se cheia para receber Luísa Sobral. A artista estava prestes a entrar em palco para apresentar o seu quinto disco. Poucos minutos depois da hora marcada, os músicos entraram em palco. Luísa teve a seu lado Manuel Rocha na guitarra e vozes, Sérgio Charrinho no fliscorne, Ângelo Caleira na trompa e Gil Gonçalves na tuba.

O espetáculo iniciou-se da mesma forma que o seu novo álbum: “Nádia” foi a canção encarregue de começar o serão na Casa da Música. Seguidamente, Luísa Sobral interpretou “Não Sei Ser”. O improviso vocal nos momentos finais da balada ecoou pela sala, como se tratasse do “sopro” descrito nas letras.

A artista agradeceu à plateia pela sua presença na atuação e o apoio demonstrado até então. Em jeito de explicação, Luísa revelou que as músicas de discos anteriores selecionados para aquele espetáculo “tinham um significado particular”. Desta forma, introduziu “Quarto de Lua”, a música com que termina o seu terceiro álbum, Lu-Pu-I-Pi-Sa-Pa.

Logo depois, novo diálogo com o público, desta vez para contar uma história sobre um dos novos trabalhos. A quando da sua segunda gravidez, Luísa optou por não saber o sexo do seu bebé. Por isso, acabou por criar a canção “Benjamim”, com o objetivo de “escrever uma carta de amor que gostava que um dia dessem ao meu filho”.

A declaração, interpretada com ternura, teve o acompanhamento de alguns espetadores. No final, Luísa concluiu que mesmo que não tenha tido um rapaz, “nasceu algo bonito” do equívoco.

“Clementine”, do seu primeiro álbum The Cherry On My Cake, foi a música seguinte. Sem demora, regressou-se ao disco mais recente com a atuação de “Maria do Mar”. O fim desta sequência recebeu fortes aplausos da audiência e concluiu a primeira parte do concerto.

O trio de sopro abandonou o palco, deixando Luísa Sobral apenas com o apoio de Manuel Rocha. A fase mais intimista do espetáculo trouxe a balada “Querida Rosa”. O raciocínio era o mesmo usado para “Benjamim”, só que no feminino. A cantora não escondeu a emoção ao declamar o carinho pela filha, que acabaria por dar nome ao novo álbum.

Luísa Sobral. Fotografia por Mariana Cardoso.

Luísa Sobral e Manuel Rocha. Fotografia por Mariana Cardoso.

“O Verdadeiro Amor” manteve a temática romântica. O tom do concerto não escapou a Luísa que aproveitou para brincar com a situação. “Eu sei que estamos numa parte introspetiva, mas está a ficar muito badalesco”, disse e, depois, apontou para a primeira fila: esta criança está quase a dormir. Não tem mal, só nos deixamos embalar por sons bonitos”.

“Engraxador”, primeira música em português gravada para um disco seu, permitiu à cantora dar um ritmo mais animado ao espetáculo. A variação de tom deu alento ao público para bater palmas em acompanhamento ao ritmo.

A Casa da Música voltou a ser embalada por “Só um Beijo”. Salvador Sobral não apareceu para ajudar a irmã no dueto, porém Manuel Rocha foi um bom substituto. A mistura de vozes e o contraste entre o amor e a sua rejeição deram impacto a uma das melhores músicas de Rosa.

A reta final do concerto contou com o regresso do trio de sopro. “Para Ti”, um vídeo gravado durante a primeira gravidez de Luísa, recebeu um arranjo mais orquestral do que a versão original: “fiz uma pequena brincadeira com a minha barriga a crescer, mas de repente toda a gente queria essa música nos concertos”, confessou a cantora.

A dupla “Dois Namorados” e “Mesma Rua Mesmo Lado” falou de uma relação que tinha tanto de ficção como de realidade. “A mãe de 84 anos de uma amiga minha começou a namorar com um amigo da aldeia de infância”, explicou Luísa. O insólito reside no facto da situação ter sido previamente inventada pela cantora na letra de outra música. “Há histórias tão bonitas que eu não preciso de criar nada, só tenho de as contar”, concluiu.

O afeto de Luísa por ambos os filhos ficou espelhado na canção “O Melhor Presente”. A explicação ao mais velho de que a chegada de uma irmã era a melhor prenda possível não deixou ninguém indiferente. A Sala Suggia rendeu-se, ao longo da noite, à simplicidade e beleza da poesia da cantora.

O espetáculo não fica a cargo apenas dos músicos; Luísa Sobral não esqueceu de assinalar o aniversário do seu técnico de palco. A artista e a Sala Suggia cantaram os parabéns, transitando depois para “Cúpido”, a derradeira música do alinhamento principal.

Luísa Sobral e Manuel Rocha. Fotografia por Mariana Cardoso.

Luísa Sobral e Manuel Rocha. Fotografia por Mariana Cardoso.

A cantora e a sua banda saíram de palco, por poucos minutos. “Todos sabiam que eu ia voltar, não percebo porque é que temos de fazer esta brincadeira”, afirmou Luísa no seu regresso, provocando gargalhadas e aplausos da audiência.

encore começou com “Envergonhado”, a derradeira música do mais recente álbum. Serviu de aperitivo para o que todos estava à espera: “Amar Pelos Dois”. Num registo acústico, Luísa Sobral deu vida à canção que garantiu a vitória portuguesa na Eurovisão. Desta vez, os papéis inverteram-se e foi o público presente na Casa da Música que embalou a artista com o cântico em uníssono.

Para finalizar a noite, a energia de “Xico” coloca cantora, banda e todos os ocupantes da Sala Suggia de pé a dançar e a cantar a música de referência. Tocada a última nota, a plateia já estava de pé para aplaudir os artistas.

As mensagens intemporais deixaram a sua marca nos presentes e consolidaram Luísa Sobral como uma das maiores referências da música portuguesa, na atualidade.