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Crítica

2014: O ANO DA MÚSICA E DO CINEMA DOCUMENTAL

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Música, por Beatriz Pinto

Fuck Off Get Free We Pour Light On Everything, Silver Mt. Zion

Fuck Off Get Free We Pour Light On Everything

O mais recente álbum da banda, pela Constellation, é, possivelmente, o seu trabalho mais ruidoso, explosivo e, simultaneamente, consistente. Do início ao fim, através de uma abordagem direta e agressiva, o ouvinte confronta-se com um ambiente extremamente pesado composto por camadas e camadas de distorção de guitarras que chegam mesmo a adquirir um cariz psicadélico. A apaixonante, comovente e simultaneamente assustadora “What We Loved Was Not Enough” destaca-se pela densidade emocional tanto melódica como lírica.

 

LP1, FKA Twigs

LP1Com LP1, pela Young Turks, FKA prova que não teme revolucionar o panorama Pop fundindo-o com eletrónica futurista, elementos de R&B alternativo e trip-hop. Com faixas como a vulnerável “Give Up” e a sedutora “Two Weeks”, Twigs envolve o ouvinte numa atmosfera de mistério repleta de batidas em câmara lenta, sintetizadores que se fundem com a sua voz e letras desafiantes. É, resumidamente, um trabalho leve e vanguardista, simples e dinâmico, que dá a conhecer a perspetiva musicalmente singular da artista.

 

Burn Your Fire For No Witness, Angel Olsen

jag246.11183Foi em fevereiro que, pela Jagjaguwar, Angel Olsen lançou uma compilação que oscila entre o obscuro e a claridade, a angústia e a festividade e que, pela transparência e expressividade relembram artistas como Joni Mitchell e Leonard Cohen. Com hinos como a hipnótica “White Fire”, a sincera “Enemy” e a festiva “Hi-Five”, Burn Your Fire For No Witness mistura mágoas com melodias de verão, corações partidos com daydreams e impulsivas declarações ideológicas, tornando-o num álbum absolutamente apaixonante e genuíno.

 

To Be Kind, Swans

To Be KindSwans lançaram, em maio, um álbum que certamente se encontra entre os melhores da sua longa carreira. Uma compilação construída por camadas espessas de instrumental, rico em poderosos sintetizadores, guitarras e baixo aliados aos agressivos vocais de Gira, que se adensa progressivamente e origina um caos simultaneamente excitante e anestesiante. Das sufocantes 2 horas de música, destacam-se a inquietante “Bring The Sun/Toussaint L’Ouverture” e a balada “Kirsten Supine”, que contêm a fórmula de que vive este álbum: tensão, variedade e hipnose.

 

Meshes Of Voice, Susanna & Jenny Hval

Meshes Of VoiceEm agosto, as duas artistas norueguesas deram a conhecer, pela SusannaSonata, um álbum que envolve o ouvinte através de uma intimidade desconcertante com composições simultaneamente complexas, cuidadosas e minimalistas como “Black Lake” e “O Sun O Medusa”. A simplicidade da sobreposição de vozes e personalidades indubitavelmente distintas funciona na perfeição. A isso juntam-se as dicotomias de luz e escuridão, ruído e silêncio, consonância e dissonância com que jogam ao longo de toda a compilação e que a tornam cada vez mais arrebatadora a cada audição.

 

 

Cinema Documental, por Luís Azevedo

Estes não são os melhores filmes de 2014. Apenas 5 dos melhores documentários do ano que finda e preconizam um 2015 profícuo, nacional e internacionalmente.

 

The Look of Silence” de Joshua Oppenheimer

The Look of SilenceApós o estrondoso “The Act of Killing”, Joshua Oppenheimer quis provar que não era um (utilizando a gíria musical) one hit wonder.

Utilizando o mesmo tema, centra-se agora nas vítimas dos massacres indonésios, mais especificamente no percurso de Adi, que procura e confronta os assassinos do seu irmão. Com a mesma crueza, com o mesmo sentimento de incredulidade perante a atrocidade humana.

Cavalo Dinheiro” de Pedro Costa

Cavalo DinheiroMais do que referir os prémios, é de realçar a capacidade de relativização dos acontecimentos e dos problemas consoante a distância a que nos encontramos dos mesmos, ao estilo queirosiano. Um filme que apresenta uma das mais assombrosas histórias de Ventura, numa época em que tudo muda em Portugal.

The Salt of the Earth” de Wim Wenders e Juliano Salgado

The Salt of The EarthEste filme, pré-nomeado para os Óscares e que estreará em breve por cá, é um hino à fotografia e ao humanitarismo.

As imagens da vida que Sebastião Salgado capturou são fortes, impregnadas de uma realidade que o Homem sempre tentou varrer para debaixo do tapete da civilização. Etiópia, Ruanda, ex-Jugoslávia. Cada foto é um “murro no estômago” daqueles que apregoaram avanços civilizacionais.

Storm Children – Book One” de Lav Dias

Storm ChildrenVer um filme deste conceituado realizador é peculiar. Mesmo sabendo da duração das suas obras, não estamos preparados para ser arrastados juntamente com os magníficos planos do período caótico que sucede a catástrofe. Este rescaldo a preto e branco confere ao filme uma poeticidade quase etérea.

20.000 Days on Earth” de Iain Forsyth e Jane Pollard

20000 days on EarthO vigésimo milésimo dia na Terra de Nick Cave, “contado” neste filme, deixa o espetador espantado com a cor que o cinzento de Brighton ganha quando Cave o atravessa no seu Jaguar, à conversa com os seus não-tão imaginários companheiros. “20.000 Days on Earth” é mais um exemplo da intrínseca relação do cinema do Real com a Ficção.

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