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Educação

1º Encontro Nacional de Jornalismo Universitário decorreu em Coimbra

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Foto: Rafael Jesus Saraiva | Secção de Fotografia AAC

No passado fim de semana, estudantes universitários de todo o país juntaram-se em Coimbra para debater os desafios e o futuro do jornalismo académico. Em conversa com o JUP, os participantes fazem um balanço muito positivo e partilham desejos para o futuro.

 

Entre os dias 22 e 24 de março, decorreu em Coimbra o 1º Encontro Nacional de Jornalismo Universitário (ENJU). O evento foi organizado por quatro jornais académicos do país: Jornal Universitário de Coimbra – A Cabra (da Universidade de Coimbra), Diferencial (do Instituto Superior Técnico de Lisboa), ComUM (da Universidade do Minho), e Jornal Universitário do Porto – JUP, em parceria com a Câmara Municipal de Coimbra (CMC). Mais de 70 estudantes, oriundos de todo o país, participaram no ENJU, que teve como palco principal a Casa Municipal da Cultura de Coimbra.

Os principais momentos do ENJU

Com um programa de três dias, o evento começou com uma sessão de abertura, no dia 22, onde estiveram presentes o Presidente da CMC, Prof. Dr. José Manuel Silva, o Vice-Reitor da Universidade de Coimbra, Prof. Dr. Delfim Leão, e o Vice-Presidente da Associação Académica de Coimbra, André Ribeiro.

O segundo dia iniciou-se com duas mesas redondas. A primeira, sobre a fundação do jornalismo universitário, contou com a presença de Jorge Pedro Sousa, fundador do JUP, José Albuquerque, fundador d’A Cabra, e Tito Mendonça, fundador do Binómio, que partilharam o contexto social em que surgiram os respetivos projetos, bem como algumas das principais dificuldades e necessidades que caracterizaram os primeiros anos dos mesmos.

Na segunda mesa redonda, dedicada aos desafios atuais do jornalismo académico, participaram Camilo Soldado e Paulo Sérgio, ex-diretores d’A Cabra, Diogo Faustino, ex-diretor e membro do Diferencial, e Filipa Silva, editora do JornalismoPortoNet (JPN). A discussão do painel tocou temas diversos, incluindo as dificuldades de financiamento que pautam cada projeto, as suas relações institucionais e a necessidade de independência no trabalho jornalístico desenvolvido.

A sessão da tarde foi marcada por três formações sobre temas pertinentes ao exercício da profissão de jornalista na atualidade, cada uma liderada por um profissional da área: “Fechar ou abrir a profissão? A formação em jornalismo”, por Pedro Crisóstomo, do Público; “Dificuldades de acesso ao mercado de trabalho: a crise da precariedade”, por João Gaspar, da Lusa; e “Transição digital – a extinção do papel e do analógico”, por Inês Amaral, professora de jornalismo na Universidade de Coimbra.

O dia encerrou com a integração dos participantes em grupos de trabalho que debateram temas relevantes para o jornalismo universitário, incluindo a necessidade de um estatuto de jornalista académico, o estatuto dos órgãos de comunicação académica, o financiamento e a transparência dos mesmos, a captação de recursos humanos e a transição para o digital. As principais conclusões foram apresentadas a todos os participantes durante o final deste dia e a manhã do dia seguinte e serão concretizadas num documento com propostas, a partilhar com órgãos de decisão na regulação e formação da profissão.

A sessão de encerramento, no dia 24, contou com a presença do Vereador para a Juventude da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Matias Lopes, e da Presidente do Conselho Geral do Sindicato dos Jornalistas, Paula Sofia Luz.

Os três dias foram ainda pautados por momentos de convívio social, onde se destacam atuações de fado e de tunas académicas, bem como um jantar nas repúblicas de Coimbra.

O balanço dos participantes

No final do evento, o JUP conversou com alguns dos participantes, que partilharam a sua experiência no ENJU de 2024. Um dos pontos mais destacados foi, nas palavras de Liliana Martins, d’A Cabra, a oportunidade de “perceber que os jornais universitários em Portugal têm todos modelos de funcionamento muito diferentes”.

A partilha de experiências entre todos os participantes resultou num “evento muito produtivo, acima de tudo ao nível das conclusões que pudemos retirar”, refere André Igreja, editor e redator do ComUM. José Machado, também editor do ComUM, destaca ainda a participação de “profissionais de excelência”, que “deram a conhecer o mundo do jornalismo e a atualidade em que o jornalismo está”.

 

Foto: Rafael Jesus Saraiva | Secção de Fotografia AAC

A necessidade de assegurar novas edições do ENJU, em períodos regulares, com diferentes organizadores e em diferentes pontos do país foi reforçada por todos. No entanto, Afonso Correia, vice-diretor do jornal Pontivírgula, deixa uma sugestão: “que fosse realizado quiçá no primeiro semestre, de maneira que os futuros diretores, coordenadores e editores que venham [ao ENJU] e saiam daqui com uma nova bagagem de conhecimento ainda a consigam aplicar durante o seu mandato”.

Sobre o que poderá advir deste evento, José Grilo, diretor do Pontivírgula, expressou o desejo de “ver o jornalismo académico a afirmar-se mais, a ganhar mais espaço – não só no mundo académico, mas também no panorama nacional –, a ser mais respeitado e mais considerado”, visão na qual o ENJU poderá ter um papel pertinente.

O ENJU calhou “na altura em que o jornalismo está a discutir jornalismo, o que é raro e já não acontecia há muito tempo”.

Igualmente pertinente foi o momento de realização do Encontro, tendo em conta a atual crise da profissão jornalística. Ana Filipa Paz, diretora d’A Cabra, reforça que o evento “calhou na altura certa, na altura precisa e na altura em que o jornalismo está a discutir jornalismo, o que é raro e já não acontecia há muito tempo”.

Neste contexto, a responsável do jornal anfitrião destaca ainda a importância de “fazer mais sinergias, fazer mais parcerias, falar com aqueles a quem de poder diz respeito e a quem de decisão diz respeito, porque na verdade são eles que, no fim, vão mudar aquilo que estamos a sugerir”.

Questionada sobre a palavra que melhor descreve o ENJU, Ana Filipa não tem dúvidas: “é concretização: concretização de ideias, concretização de ambições, de sonhos, de expectativas e de trabalhos, de muito jornalismo, muito texto, muito amor também pela causa”.

Para saber mais sobre o ENJU, consulte o Instagram do evento.

 

Artigo por: Inês Miranda

Editado por: Ana Pinto e Joana Monteiro

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