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Crónica

O QUE HÁ DE DIFERENTE ENTRE MIM E UM PEDÓFILO?

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Quando colocamos a hipótese se devemos condenar uma pessoa à morte, por mais horrendo que consideremos o crime por ela cometido, é subjacente perguntarmo-nos quem somos nós para decidir o que quer que seja por outra pessoa.

A pedofilia é um tema singelo por se tratar de crianças, que atravessam a melhor fase das suas vidas e deviam vivê-lo livres de adultos. Os adultos só chateiam. É cruel apontarmos o dedo a alguém que não se encontra mentalmente livre de perigo. Tentemos colocar-nos na posição de um pedófilo desta forma:

“Sinto um indomável desejo sexual por seres humanos mais pequenos, mais ingénuos e com menor capacidade de decisão do que eu. Não consigo controlar este sentimento, tampouco as minhas emoções. Não sou capaz de lidar comigo mesmo. As pessoas acham que sou maluco.”

Ou então:

“Quero violar crianças, sem achar que isto é mau.”

Este segundo posicionamento é obviamente pior do que o primeiro. Mas será que o segundo possível ser humano é “pior” do que o primeiro? Ser “pior” ou “melhor” é relativo para todos, tal como para estas pessoas. Será que isto não se deve tudo a uma falta de atenção dos outros? E estes seres ao sentirem-se vulneráveis, começam a desconhecerem-se e acabam por se perder? A culpa também não é nossa? Por não estarmos atentos?

Para a porta-voz da Organização “Morte aos Pedófilos”, não há solução. Mas também ninguém perguntou aos pedófilos se queriam nascer. Porque haveríamos de condená-los à morte? Não podíamos e devíamos tentar ajudar estas pessoas?

Podemos ter uma irmã ou uma filha violada, mas essas mesmas mulheres, mais tarde, poderão tornar-se pedófilas. A morte é solução?

A Organização “Não à pena de morte” acredita que a pena de morte não impede o crime. São os outros que o impedem. Somos nós que criamos as outras pessoas e lhes ajudamos a configurar-se. Para bem ou para o mal. O poder de decisão é nosso, por mais que me custe aceitar.

Artigo por Raquel Batista. Revisto por Adriana Peixoto.

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