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Artigo de Opinião

A filosofia da Europa

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Hoje a Ucrânia, amanhã outro país europeu. Ficou visível que tratados assinados não representam paz, aos olhos daqueles que são talhantes por natureza. O momento, apesar de dramático, é o ideal. A urgência de uma reorganização filosófica para o nascer de uma nova Europa aclama por todos os europeus.

A ideia de uma Europa unificada ao estilo de uma federação nacional e soberana de estados, como existe atualmente na República Federal da Alemanha ou nos Estados Unidos da América, não é novidade. A ideia surgiu inicialmente no século XX. Apesar dos 27 estados-membros estarem unidos, não podemos afirmar que exista de facto uma verdadeira união económica, política e social de cariz federal sólida e com uma só voz.

Pensadores como Coudenhove Kalergi, Luigi Einaudi e Winston Churchill, almejavam um dia a criação de uma Europa como potência hegemónica e independente de terceiros. Surgiu a ideia de um exército europeu, apenas passível quando estabelecido um acordo entre todos os países-membros, sobre a necessidade da existência do federalismo europeu.

O medo que muitos têm de perder os símbolos nacionais em prol de um projeto para um bem maior, é desígnio de um pensamento pequeno e pouco ambicioso. Os símbolos nacionais continuarão a existir, tal como a identidade de cada estado-membro. Contudo, a forma da sua existência dentro da união, essa sim mudará para melhor.

Ulrike Guérot, cientista política alemã, explica em teorizações e pesquisas como este projeto seria viável. Tendo, claro, sempre em conta o pote cultural e histórico que nos trouxe até aqui como continente. Este avanço civilizacional, para além de significativo, iria renovar e melhorar a cristalização da democracia europeia. Cria-se assim a possibilidade ao comum dos europeus escolher o Presidente da Comissão Europeia. Esta decisão jamais ficaria ao exclusivo e quase ditatorial cargo dos representantes/deputados eleitos por cada país.

O melhor desta união, ainda mais sólida e forte, estaria na base da independência e da soberania já supracitadas. Apesar das ligações e uniões de pacto com acordos mútuos de entreajuda aos países aliados, não podemos deixar a Europa dependente da qualidade democrática dos países aliados. Os grandes opositores à criação deste modelo europeu serão talvez os próprios aliados Norte Americanos, com medo de perderem as suas raízes e força no histórico continente. Este medo é irracional, e até ironicamente colonialista.  A adesão da NATO não estaria de todo em risco, por mais que se o diga. Uma vez unidos, continuaríamos a pertencer a esta aliança democrática de segurança militar, mas desta vez, como um único e sólido bloco, um continente com apenas um forte exército.

Apesar de já existir um modelo simples, básico e rudimentar como a Frontex dentro da UE, este não é o modelo a seguir. Todos concordamos que este tópico é sensível, mas não descartável de pensamento filosófico e de um futuro mais prático e menos teórico. Quando aqui se teoriza sobre um exército europeu, não pensamos num exército apenas e em exclusivo para uso externo de força, mas sim da solidificação das nossas próprias fronteiras, da nossa democracia e do próprio estilo de vida que tantos outros nos invejam.

Não deixemos que extremistas radicais da direita à esquerda rompam este projeto. Não deixemos que políticos sedentos de votos se verguem ao rublo em auxílio, ou que se deixem enganar pelos mesmos ao pensarem que estando desprotegidos somos mais fortes perante as ameaças externas. Temos em nós o direito e o dever de proteger este projeto tão ambicioso. Se tudo continuar, prolongar-se-á por gerações vindouras.  Europa hoje, Europa amanhã, Europa para sempre!

Artigo da autoria de Diogo de Sousa