Crónica
É DA MÁFIA E MUITO SORRATEIRA. QUEM É?
Cláudia Torres
Sou asmática. Estou a ouvir desatentamente as notícias e percebo que há uma doença que afeta pessoas com problemas respiratórios. Oiço com mais atenção e percebo que afinal se trata da já conhecida – e que quer ser a toda a força amiga dos portugueses – Legionella!
Se viajarmos para o centro-sul do país, mais propriamente para a cidade de Vila Franca de Xira, paira lá uma atmosfera destes malditos bichinhos que já atacaram mais de 300 pessoas.
Ao início parece uma constipação – vem disfarçada de um resfriado. Depois, aparece como gripe – já com febres, tremores e dores musculares. Só quando já nos está a pôr KO é que aparece como realmente é.
No fundo, a legionella pneumophila (ainda por cima apresenta-se com nome chique, com direito a estar em itálico para ser a protagonista!) é uma esposa da máfia, que também é mafiosa, como o próprio nome indica, tal como Michelle Pfeiffer em Scarface que ao mesmo tempo que era uma esposa era também uma amante (esta é a personagem que mais consigo aproximar à Legionella, por ser sorrateira, malandra e uma falsa!).
Entretanto, enquanto esta Michelle Pfeiffer invisível anda a atacar os portugueses, já há pessoas a serem castigadas à moda dos pais de agora (porque fizeram asneiras, de facto): “fizeste asneiras, tiro-te o que mais gostas”. E é mesmo assim: as torres de refrigeração já foram mandadas fechar e os adubos da Solvey ainda estão sob inspeção – para saber se merecem o castigo ou não.
Enquanto isso, o Ministro da Saúde, Paulo Macedo, tem vindo a fazer visitas aos doentes como se fosse isso que os vai salvar. Na opinião de alguns, estas visitas de nada servem e o Ministro devia era tentar travar esta situação e, se houver realmente crime público, avançar com a queixa para que os legionários deixem o país e nos deixem ser amigos de quem queremos.
Outros perguntam: será que este alarido todo é necessário? Não haverá melhores formas de tratar do assunto? Chegam-se a ver pessoas com medo de contrair a doença do Legionário e que nem sequer têm alguma relação com a zona de Vila Franca de Xira. Ou até pessoas que dizem que não vão tomar banho – considero isto um perigo para a saúde pública e que deviam apostar na compra de garrafões de água.
Depois da questão dos banhos, só falta as pessoas deixarem de fazer a sua vida normal como não irem para o trabalho de transportes públicos. É que estes têm sistema de refrigeração e podem andar umas donzelas mafiosas lá escondidas que queiram entrar pelas goelas abaixo dos portugueses.
