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Crónica

O COMEDIANTE LOUCO

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Carolina Campos

Carolina Campos

Aqui há uns dias, o nosso pequeno Portugal assistiu a mais um grande momento político. O cenário foi o já reconhecido teatro português: a Assembleia da República. Mas o que realmente diferenciou a peça de teatro desta vez foi o protagonista. O senhor primeiro-ministro foi poupado desta vez para dar lugar ao monólogo do comediante louco Pires de Lima.

Pires de Lima adotou a postura de um verdadeiro profissional em comédia: utilizou o vocabulário mais engraçado que conseguiu encontrar no seu dicionário particular; colocou a voz no tom mais estridente que conseguiu, acrescentando-lhe para isso umas oscilações engraçadas; mas mais do que isso pôs o povo todo a falar da sua brilhante interpretação. Toda a gente criticou a postura do ministro da economia mas o que ele realmente fez foi criticar de uma forma hilariante o que todos os políticos criticam da mesma forma: a oposição. Alguns viram tal intervenção completamente desnecessária e completamente ridícula. Eu vejo uma atuação brilhante de um entertainer que não teve a oportunidade de entrar no ramo da comédia enquanto era tempo.

Como os sonhos são eternos e não importa a idade com que os realizamos, a meu ver, o senhor ministro viu a Assembleia da República como o local mais apropriado de que tinha conhecimento para fazer a sua estreia na comédia. E não podia ter escolhido melhor, visto que a Assembleia da República é um local onde se realizam mais peixeiradas do que no mercado do Bolhão. Relembremos, por exemplo, o célebre acontecimento que teve como protagonista Manuel Pinho, também ele ministro da economia na era de José Sócrates. Quase que me atreveria a dizer que a comédia é uma característica comum aos ministros da economia portugueses. Se Pires de Lima estava apenas embriagado e não fazia a menor ideia do que estava a dizer, então parece que cai por terra a ideia de que este pretendia entrar no mundo do espetáculo, mas isso não me parece que algum dia iremos saber.

Com isto, concluo que estas situações caricatas não servem de facto para ver quem tem jeito para fazer comédia, servem sim para ver que estamos rodeados de comediantes loucos que por um mero acaso são aqueles que nos governam.  E se não estão a entreter os portugueses com os seus discursos idiotas e desprovidos de qualquer sentido, então estão a praticar as suas habilidades nos jogos de computador. Ser político é sem dúvida uma profissão multifacetada. Já não se trata apenas de governar, trata-se também de uma profissão que serve, algumas vezes, para animar o povo.

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