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Devaneios

WILSON/GRÉCIA ANTIGA

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José Pedro Rocha

José Pedro Rocha

Boas noites!

Queria começar por dizer que se tivesse que escolher três coisas para levar comigo para uma ilha deserta escolheria: o bilhete para o barco que me transportaria até lá, uma muda de roupa e uma sela para montar golfinhos. E se pudesse cair do céu uma bola de voleibol e, já agora, o Tom Hanks agradecia imenso e veneraria para sempre o grande deus do mar, Poseidon.

Sempre gostei dos deuses gregos. Gosto muito mais de Poseidon do que de Neptuno, deus do mar, segundo a mitologia romana, ou do que Paulo Portas, deus do mar e da Defesa Nacional, segundo a mitologia portuguesa.

A Grécia Antiga tinha também as melhores gajas, segundo os escritos de Platão, mais precisamente, segundo uma obra muito obscura designada “Atenas vs Ermesinde: uma retrospetiva”. Tinha ainda os melhores filósofos, os melhores políticos e os melhores bêbados. E, normalmente, tinha as três coisas em simultâneo.

De volta ao politeísmo, acho que é a terceira melhor invenção humana, seis lugares à frente dos deuses monoteístas e apenas atrás da roda e do paralelepípedo. Acho muito interessante esta tendência e disponibilidade dos deuses gregos e romanos (e do Paulo Portas) se juntarem. Eram como uma banda, enquanto os deuses monoteístas preferiram abandonar o grupo e tentar uma carreira a solo. Deus é como Justin Timberlake.

Desde que a ciência descobriu como é que grande parte dos fenómenos que acontecem na terra se passam, a esperança das pessoas de que Deus fosse uma personagem do Dragon Ball começou a tornar-se cada vez mais reduzida. Ainda se notam algumas réstias, mas é difícil manter a fé. Antes dos desmancha-prazeres dos Stephen Hawkings desta vida chegarem, as pessoas achavam que Zeus, quando ficava zangado, lançava relâmpagos das mãos, e que, quando comia feijão frade, regularizava os seus níveis de colesterol. Também achavam que as nuvens eram o fumo do cigarro eletrónico de Ares, deus da guerra.

Os deuses de hoje em dia são mais low-profile. Apostam numa estratégia de marketing que faz com que haja grande discussão na praça pública sobre a sua existência, o que é bem pensado. Aposto que se as pessoas soubessem que Deus existia, iam deixar de querer saber dele. Acaba por ser uma estratégia semelhante à da Miley Cyrus e eu não critico.

São tão low-profile que as coisas acabam por acontecer da maneira que aconteceriam se eles não existissem. E isso já é uma falha em termos propagandísticos. Acho que é possível que seja um complexo de inferioridade. E é por isso que eu às vezes acho que sou Deus.

Azeus!

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