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Devaneios

QUE ACONTECEU AO AMOR?

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ViewtyChamem-me antiquado, mas que aconteceu ao romance e ao amor nos nossos dias? Parece que hoje em dia se esqueceu a boa e velha arte do romance à moda antiga com todas as suas belas estrofes a louvar a nossa amada, comparando os seus belos olhos às estrelas do céu, ou a oferta de uma simples flor, ou até desfrutar de longos e belos passeios a conversar e a conhecer a alma da nossa amada, trocando os nossos sonhos e aspirações. Um bocado cliché, eu sei, mas parece-me que cada vez mais se perde a mestria da boa arte do romance. E sim digo arte, porque é isso mesmo, uma arte, cuja definição formal é entendida como uma técnica ou habilidade de ordem estética ou comunicativa para expressar emoções e ideias com o propósito de expressar algo único ou diferente, que neste caso será o amor, que a meu ver merece um pouco mais de esforço do que dizer “gosto de ti” ou “amo-te” todos os dias, estando a palavra “amor” tão oca e desgastada de tanto ser usada, que se torna difícil de levar a sério ou de olhar para ela sem um pouco de cinismo ou cepticismo.

Torna-se difícil atribuir causas a esta mudança de paradigma e não ponho de parte que cada um ama à sua maneira e que existirão exceções à regra, mas o facto é que a juventude de agora quer tudo rápido e com o mínimo esforço possível, preferindo exercitar o corpo no ginásio do que a mente, o que por sua vez acaba por se refletir um pouco no romance, dotando-o de feições mais rudimentares e superficiais, já para não dizer que o romance de hoje em dia peca muito pela falta de esforço, assim que se entra na relação e se pensa que a outra pessoa está “garantida” e nos vamos desleixando. Desengane-se quem pensa assim, pois o amor é um esforço contínuo com muitos obstáculos e desafios pela frente, mas que, tal como os rios e seus afluentes, desaguam numa única direção que é o mar do bem-estar e felicidade mútua, para que ambas as partes se completem uma à outra.

Sem querer tornar isto uma reflexão demasiado metafísica, afirmo que o amor, tal como o romance, se quer ideal, paciente e, sobretudo, livre de egoísmos, mas se todos (ou quase todos) nascemos com a capacidade de amar, devemos exercê-la na sua plenitude e de coração aberto mais pela pessoa e não pelas aparências. Enfim, vivemos na era do “Amor superficial” ou será “Amor pelo superficial”?

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1 Comment

1 Comment

  1. Sara

    28 Abr 2015 at 9:28

    Bom ver que ainda há jovens que se preocupam com estas questões básicas e essenciais da vida!
    É decepcionante olhar para a sociedade atualmente e ver que os seus feitos não passam de os olhos postos no ecrã do telemóvel. Tenhamos a coragem de ser emocionalmente vivos e marcar o nosso caminho com princípios que devem ser sempre lembrados.
    Parabéns pela reflexão, João Silva!

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