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Devaneios

AS COISAS QUE MAIS GOSTO NA VIDA IV

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Esta vai ser a doer! É desta que perco as estribeiras. Exactamente, vamos escrutinar selfies, autopics (como preferirem), todos os acessórios que lhes estão associados e o raio que os parta!

Eis-nos na era do viver para se mostrar que se vive, embora na prática não se faça grande coisa fora ver televisão. Ha!, usufruir do momento é para meninos! Importante importante é que toda a gente saiba que fomos à biblioteca (porque lá tem wi-fi), que almoçámos uma francesinha (agora até os pratos são fotogénicos e nem precisam de ser de porcelana), que estamos na fila de trás da aula de Física dos Processos Biológicos a dormir e, claro, o mais imprescindível da lista, que estivemos na última Color Run! Pronto, não aguento mais permanecer neste parágrafo!

Deixou-se de ir ao jardim para passear, à praia para fazer castelos e anjinhos toscos na areia, ao restaurante para jantar algo-que-não-sushi e tal; e assim sucessivamente… Tudo agora tem o mesmo objectivo: sessões fotográficas. O Mundo, todo ele, é a minha passerelle, e está repleto de fãs (taradões) sedentos de saber notícias minhas e eventualmente até pedir-me um autógrafo (efectuar uma simpática tentativa de assédio)!

Debatamos agora o pauzinho do cego, o último grito da tecnologia perfeitamente desnecessária. Portanto, o que a malta faz agora é largar umas dezenas de cobres para ter um bastão idiota, no qual pode pendurar o seu complexo aparelho de telecomunicações, munido de um botãozinho que irá proceder à captação de centenas de registos recordacionais da situação que podíamos simplesmente estar a desfrutar. Bestial! Levem o meu dinheiro! E o cão também, que está sempre a ladrar.

Para manter a esperança na Humanidade tenho-me, nestes últimos tempos, agarrado a uma história que ouvi numa jantarada algures. Eis a verídica narrativa: “Era uma vez um sujeito que foi a Veneza e, durante o típico passeio de barco, decidiu recorrer ao famoso pauzinho de cego para pixelizar o momento. Ora Veneza tem muitas pontes… Nem mais, o zingarelho fotografante do nosso querido protagonista padeceu afogado na cidade dos canais”. Coitado, vai ter de se cingir à sua memória para recordar a plácida viagem… Onde é que já se viu?

Mnemosine, que é feito de ti, que cabes agora num cartão SD?…

Inté! (duck face)

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