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Cultura

Tomás Wallenstein cantou abril na Associação de Moradores da Bouça

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Fotografia: Inês Aleixo

A tarde começou bem mais cedo do que o concerto, onde, no coletivo, moradores, espectadores e artistas se juntaram em conversas e copos, acendendo um espírito familiar sobre aqueles que observavam o ambiente que era formado na Bouça.

Pouco antes das cinco, começaram a entrar as pessoas na pequena sala que acolheu de forma carinhosa e singela um artista habituado a palcos maiores. Com uns de pé e outros sentados, começou a ouvir-se a marcha frenética que caracteriza a “Grândola, Vila Morena” de Zeca Afonso. O silêncio instalou-se para logo dar lugar a um coro uníssono que deu as boas-vindas a Tomás Wallenstein.

Fotografia: Inês Aleixo

A primeira música entoada, ainda sem a presença dos Zarco – que só apareceram na segunda metade do concerto -, foi a “Responso Para Maridos Transviados” do cantor português B Fachada. Esta é uma das canções incluídas no primeiro álbum, em nome próprio, de Tomás Wallenstein – “Vida Antiga” –, que tem a particularidade de ser construído inteiramente de covers de outros artistas.

Entre conversas com o público, fomos levados até à “Travessia”, do Conjunto Cuca Monga. E, depois de algumas palavras de ordem, o diálogo deu lugar a uma das mais célebres músicas dentro da cultura brasileira, “O Mundo É Um Moinho” de Cartola.

Fotografia: Inês Aleixo

O ambiente intimista, se não estava confirmado, passou a ser sentido por todos naquela sala. Dito isto, sem deixar de lado a banda que o acompanha ao longo de todo o ano, foi a vez de ouvirmos “Amor, A Nossa Vida” de Capitão Fausto. Parecia que estavam todos à espera daquele momento e os aplausos e assobios frenéticos comprovaram essa sensação.

A faixa seguinte é a que dá nome ao disco de Wallenstein. “Vida Antiga” de Erasmo Carlos marcou a volta do cantor à Música Popular Brasileira. Logo a seguir, “Nascer, Viver, Morrer” – que está no álbum do artista português – de Tim Bernardes foi cantada novamente ao piano pelo vocalista da banda de indie pop portuguesa.

“Cantar Alentejano” de Zeca Afonso foi a última música cantada com Tomás Wallenstein sozinho em palco. Em tom de homenagem ao homem que deu música à Revolução dos Cravos, o “Alentejo esquecido” ficou na memória de cada pessoa presente no concerto.

Na segunda parte, o piano deixou de soar sozinho para ser acompanhado por percussão, uma flauta transversal, um clarinete e uma guitarra de doze cordas. Entraram os Zarco e estabeleceu-se a festa na Associação.

Foram cantadas várias músicas originais da banda, mas a última parte do espetáculo ficou marcada pela homenagem a dois cantores de intervenção portugueses. E não podia ter sido de outra forma. “Eu vim de longe, eu vou p’ra longe” de José Mário Branco foi acompanhada por palmas, umas no tempo certo e outras não, mas sempre com a mesma intenção que é festejar a mudança tão esperada pela qual o cantor lutou cantando. O concerto terminou com “Quatro Quadras Soltas” de Sérgio Godinho, em que muita gente falou e cantou, nunca tapando as gargantas que há 49 anos estão abertas.

Foi assim o concerto de Tomás Wallenstein na Associação Moradores da Bouça. Deu-se através da iniciativa “Cultura em Expansão” criado pela Câmara Municipal do Porto, que tem o objetivo de criar uma programação cultural gratuita em vários bairros e associações para que todos tenham a mesma oportunidade de acesso a uma cultura multidisciplinar.

Artigo escrito por Carolina Paredes

Conteúdo multimédia por Inês Aleixo