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Sociedade

“NÃO À CULTURA DA VIOLAÇÃO”: AS VOZES QUE SE OUVIRAM NO PORTO

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Pouco passava das 18 horas quando a Praça dos Leões se encheu de pessoas. Por toda a parte começaram a surgir homens, mulheres, crianças. No centro da enchente, uma faixa branca onde se podia ler “MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODAS” estava pousada. Outras mensagens se viam: pelo corpo das pessoas, em cartazes ou nos gritos de quem ali estava. “O corpo é meu”, “Não é Não”, “Meu decote não te dá direito” eram algumas das frases que se lia e ouvia por toda a concentração.

Enquanto não se dava início às atividades da concentração, quem já por ali estava conversava entre si. Muitos distribuíam panfletos e davam outras informações sobre o movimento.

Ouviu-se o soar de vários apitos e, de seguida, o som das colunas explodiu com “mexeu com uma, mexeu com todas”, em repetição. Toda a gente se juntou aos gritos e a concentração tinha oficialmente começado. Umas atrás das outras, todas as frases chave foram ditas com todas as vozes em uníssono. Fez-se silêncio e, depois, começou a leitura do manifesto que deu nome ao movimento. O microfone passou de mão em mão e várias vozes leram o documento, havendo espaço para no fim todos baterem palmas.

De seguida, a organização apelou à participação de todos os presentes, deixando o microfone ao dispor de todas as associações e coletivos envolvidos (mais de 50) e de quem ali presente tivesse algo para dizer. A palavra passou de mulher em mulher, de associação em associação, de mão em mão. Falou-se da luta diária das mulheres, de todos os abusos e violações já normalizados na sociedade, do machismo, dos direitos humanos. Cada voz apelou à sua causa, e todas as causas estiveram, ali, de mãos dadas. Todos lutavam pelo mesmo.

Manifestos feministas e ativistas foram lidos, pelas vozes de tantas mulheres, e o apelo à luta e à união esteve sempre presente. “Se as mulheres param, o mundo para” ouviu-se, tantas vezes.

Tarde adentro, dezenas de pessoas se juntaram ali para dar voz à luta contra o machismo, o racismo, a homofobia e a cultura da violação. Várias nacionalidades e etnias, várias idades, sexualidades e géneros. Nesta concentração houve lugar para todos os que a elas se quisessem juntar.

“As motivações deste evento são todas as violações que as mulheres sofrem só por causa de serem mulheres. (…) Vamos sair sempre que seja necessário, até que estas situações não sejam tidas como normais.”

Estas foram as palavras de um dos membros do Colectivo Feminista do Porto, uma das associações por detrás da organização do evento.

A tarde acabou com muita música, dança e diversão. Filas de pessoas de mãos dadas percorreram a Praça dos Leões e espalharam por toda a parte a luta que defendiam. “A nossa luta é todo o dia, contra o machismo, racismo e homofobia” foi uma das frases chave do dia. Em tom de encerramento, a organização agradeceu a participação de todos e prometeu continuar a luta por todo o país. No dia 1 de julho, sai-se à rua no Porto pelos direitos LGBTQ+ e, até lá, por todo o país,  pessoas vão continuar a sair à rua e a dar voz aos que dela mais precisam.