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Happiness Camp: Um Porto de felicidade

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Foi no mês que se celebra, internacionalmente, o dia de prevenção do suicídio, que o Porto acolheu a 2ª edição do evento que promove a felicidade e bem-estar no mundo empresarial. A Lionesa Business Hub, que esteve por trás do maior congresso de felicidade da Europa, procurou alertar para os impactos do burnout e depressão, bem como consciencializar para a importância da felicidade na vida profissional.

O que é o Happiness Camp?

A segunda edição Happiness Camp, que decorreu no passado dia 14 de setembro, surgiu às mãos do Lionesa Business Hub, procurando reorientar a ação empresarial no sentido do combate ao burnout, estimulando uma cultura empresarial onde o bem-estar, a inclusão e o sentido de propósito tocam a cada colaborador. Contrariamente à edição anterior, que teve lugar no centro empresarial autor do evento, esta realizou-se na Alfândega do Porto, com entrada gratuita e uma participação de 8000 intervenientes, quadruplicando o número face à edição anterior. A maior conferência de felicidade da Europa foi divulgada através das redes sociais, desde o Instagram (@happinesscamppt) ao LinkedIn e, neste processo, o site oficial e a aplicação HappinessApp, meios onde se centralizou a informação respeitante à iniciativa, foram ferramentas auxiliares para o seu sucesso.

Filomena Cautela, TV Host portuguesa, inaugurou o evento no Happy Stage, passando, em breves momentos, a palavra ao seu CEO, António Pedro Pinto, que explorou as estatísticas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que apontam a depressão e burnout como a principal causa de incapacidade, a nível global, logo a seguir às doenças cardiovasculares. Esta “medalha de prata” reflete-se, também, no cenário português, onde a saúde mental tem sido um tópico em ascensão e a sua debilitação tem resultado na diminuição da produtividade dos colaboradores, indica o diretor de Markeing da Lionesa. Numa nota final, explica que entre as 120 empresas presentes, cuja distribuição cultural se dá por cerca de 47 nacionalidades diferentes, importa atentar à felicidade para que “não fiquemos agarrados ao passado nem pensemos demasiado no futuro. É preciso aproveitar a jornada e não só o ponto de chegada. Quebrar as estatísticas!”.

Ao longo de todo o dia, o tema foi desconstruído, sob diferentes ângulos, por três palcos diferentes. O Happy Stage, principal palco do evento, falou-se sobre inclusão, diversidade, bem-estar e no produto da felicidade sob a forma de produtividade, propósito cumprido e motor da mudança. Segue-se o Joyful Stage, onde temas nicho como o desporto, cultura e arte foram abordados. Por fim, o Happiness Lab contou com uma abordagem mais corporativa, integrando o tema da felicidade dentro do universo empresarial. No decorrer do evento, o Playful Pitstop contou com diversas atividades de team building destinadas para as equipas de colaboradores presentes. Além disso, foram várias as entidades que marcaram presença no dia para fazer chegar a sua mensagem ao público do evento, como a Câmara do Porto, Câmara de Matosinhos, Happiness Business School, entre outros destacados nas suas parcerias.  Terminou, numa nota musical, com um sunset no exterior das instalações.

O que tem o CEO do evento a dizer sobre a felicidade?

António Pedro Pinto, CEO do evento, aceitou responder a algumas questões do JUP:

Porquê a organização de um evento com esta temática?

Quem organizou o Happiness Camp foi a Leonesa Business Hub, o maior centro empresarial em Portugal, com uma comunidade de 7000 membros de 47 nacionalidades diferentes. Nós já trabalhávamos a questão da felicidade no Campus e acabamos por ser uma extensão dos recursos humanos das 120 empresas que lá estão, ao tomar conta dos seus colaboradores, da nossa comunidade. Portanto, isto já nos estava no sangue,no nosso ADN, já era a nossa missão. Entretanto, começamos também a fazer um estudo extenso para perceber como é que as pessoas se sentiam no local de trabalho e, infelizmente, os números não foram positivos. A OMS já veio dizer que a depressão e o burnout são a segunda maior causador de incapacidade até 2030 e Portugal é o país na europa com maior risco para burnout e, portanto, achamos que devíamos criar uma plataforma que pudesse trabalhar aqui as politicas de sustentabilidade humana com os lideres da indústria.

Quais foram os principais desafios sentidos?

Acho que grande parte das empresas já está desperta para o tema, conseguem perceber que, efetivamente, para atrair e reter talento, que é o bem mais precioso das empresas, é necessário trabalhar esta questão da felicidade e do bem-estar. Contudo, muitas delas não sabem como trabalhar este tema ou que recursos necessitam para o trabalhar e é precisamente isso que fazemos aqui no HC, dotá-los de skills  práticos para conseguirem implementar políticas de sustentabilidade humana. Acho que o maior desafio foi garantir  que tínhamos uma agenda que chegasse a todos os segmentos, mesmo aqueles que não estão diretamente ligados à felicidade corporativa mas que impactam muito a felicidade corporativa,  por isso é que vamos ter até o palco secundário, com temas mais nicho, onde vamos explorar o tema da arte e da cultura na felicidade, o papel da ergonomia de um espaço de escritório, o papel do exercício e da saúde mental, para também atrairmos personal trainers, designers, arquitetos, artistas que, todos eles, contribuem para esta temática.

Ofereceram a oportunidade de estar cá aos vossos colaboradores?

Sim. Dividimo-nos em duas partes, os colaboradores do Leonesa Group, que engloba o Leonesa Business Hub, a livraria Lello e todas as marcas que estão sob a alçada do grupo,que  tiveram o day out e a equipa está cá toda presente. Até mesmo para as empresas do Leonesa Business Hub, tivemos varias reuniões com os diretores de RH para garantir que incentivávamos as empresas a utilizar este dia como um dia de formação oficial e, por isso é que, este ano, introduzimos um certificado de formação oficial, carimbado pela happiness business school, que contem 8h de formação, para também conseguirmos justificar e incentivar as empresas a trazer os seus colaboradores.

Considera haver, ainda, trabalho a realizar na abordagem à temática?

Nesta área ainda há muito a explorar. Acho que a mensagem mais importante que se deve passar é que tem de haver menos «fluff» e mais seriedade e ciência. Este tópico é discutido como um tópico de employer branding quando, na verdade, a felicidade corporativa tem uma importância muito mais alta do que ser um mero componente do employer branding.

Até ao momento, classifica a experiência como positiva?

Sim, estávamos a contar ter 6000 atendees e chegamos aos 8000. Todas as sessões estão esgotadas e o feedback que temos recebido por parte dos atendees é, de facto, positivo e, digo isto mesmo de coração cheio, acho que criamos aqui uma comunidade de happiness campers  e sinto que existe esse sentido de comunidade. Não estão cá equipas que se prendem só às suas equipas mas nota-se que há aqui um network que existe entre os membros e os atendees e isso também é muito importante e especial. O facto de este ano termos conseguido internacionalizar a conferência, 60% ser em português mas 40% já ser em inglês, tendo bastantes espanhóis, americanos e franceses, é muito importante também para percebermos o que é feito lá fora e importarmos novas ideias para Portugal.

No tópico da difusão do conhecimento, falamos aqui de um evento que, apesar das dimensões e da oferta que tem, é gratuito. Qual é a pertinência deste ponto ?

Para nós sempre foi para ser gratuito, é uma missão que temos e. quando alguém vive essa mesma missão, tem de garantir que é acessível a todos. Depois porque também sofremos de uma filosofia de que «a felicidade é para todos», independentemente do background socioeconómico da pessoa ou da empresa para a qual trabalha, portanto, é extremamente importante que este tipo de iniciativas sejam gratuitas para garantir que todos aqueles que querem trabalhar a felicidade, ou no seio corporativo, ou no seio pessoal, o possam fazer.

Por fim, gostaríamos de questionar o que o fez feliz hoje:

O espírito de união com a minha equipa.

Contributos dos membros presentes

O JUP teve, ainda, a oportunidade de falar com alguns dos elementos presentes, recolhendo alguns testemunhos sobre o evento:

Marta, funcionária da Leonesa, teve o day off para se dedicar ao evento e, na companhia de Nuno, indica ao JUP que “pessoas felizes são trabalhadores mais produtivos, é o que esta na base de tudo”, ressalvando, em particular, a palestra “Unlearn”, de Sofia de Castro Fernandes como veículo dessa mensagem. Extrai, do evento, ser importante “desconstruir aquilo que temos como os nossos conceitos, mesmo para a vida, às vezes temos que desconstruir tudo para nos enriquecermos com tudo de novo porque, no fundo, é como as crianças, se não estamos “«tábua rasa», já está tudo lotado e não se absorve tanto. É um crescimento, desconstruir para crescer”.  Finaliza reportando a foto instax com o autografo de António Pedro Pinto como o momento que mais a fez feliz naquele dia.

Helena, por outro lado, veio autonomamente, tendo sabido do evento através do LinkedIn. Acredita na “liderança com empatia” e, para si “um futuro sustentável tem que passar por que o nosso dia a dia seja baseado em momentos felizes e impactar positivamente as pessoas” pelo que indica ter vindo “absorver um pouco mais de energia e aprender um pouco mais junto de quem sabe”. Destaca positivamente o evento ressalvando a “energia incrível” sentida no espaço, que seleciona também como motivador da sua felicidade no dia, já que sempre se sentira “uma pessoa diferente, achava que eu é que estava errada. Para mim o que fazia sentido era priorizar as pessoas e o bem-estar e a felicidade no trabalho, o liderar com amor, sempre tive esta visão e sempre achei que as pessoas eram muito mais produtivas e trabalhassem de forma mais eficiente se tivessem esta energia no trabalho e se todas as decisões fossem tomadas com base nelas próprias e naquilo que elas acham que é importante para si”, uma mensagem reflita nas dinâmicas presentes.

Kelly Sarmento, coach empresarial, indica ter vindo “conhecer as empresas portuguesas, como trabalham a felicidade e o que é oferecido nesta parte dos negócios e tudo o que posso oferecer também para o meu cliente”, justificando que “quando trabalhamos com a integralidade do ser nós precisamos de oferecer toda a possibilidade e aqui tem nutrição e vários tipos de negócios que podem ajudar as empresas, isso é motivador (…) é esse o material humano que queremos colher, uma pessoa feliz, integralizada, de bem consigo e com o mundo, que vai realmente evoluir e trazer felicidade para este planeta. Precisamos de humanidade e a felicidade faz com que consigamos ser mais humanos, mais simples, mais íntegros”. Alerta, ainda, para a “simplicidade da felicidade”, destacando Portugal como um país que tem apostado nesse sentido e, por isso, “está num caminho muito libertador para que as pessoas sejam mais felizes e o país tenha um desenvolvimento como nunca. A felicidade faz com que o profissional esteja muito mais engajado com a empresa e muito mais produtivo”. Finaliza pontuando o evento numa escala positiva e indicando que, à data, caminhar pelas ruas do Porto, contactando com a sua cultura até à chegada a um evento que promove aquilo que encara como a sua missão pessoal fora o que a deixara mais feliz, sentindo-se “no caminho certo” e com o sentimento de que “o que faço contribui para o mundo”.

Vítor Briga, formador na área da felicidade corporativa, explica ao JUP como este tem sido um tema recorrente na sua atividade profissional, “o desenvolvimento de emoções positivas nas empresas e o desenvolvimento do bem-estar subjetivo, é importante nas organizações porque as pessoas de facto mostram níveis de cansaço e stress cada vez mais elevados”, pelo que procura, no Happiness Camp, “encontrar ferramentas e novas abordagens para as ajudar”. O facto de o evento possuir uma entrada gratuita, permitindo maior acessibilidade ao conhecimento científico sobre o tema, é também um ponto abordado pelo formador “Acho ótimo. Há pessoas que não sabem que a felicidade tem estudos científicos, que não é apenas uma coisa vaga ou «new age» ou uma receita milagrosa. A felicidade dá trabalho, mas implica colocar em prática novos hábitos e nós podemos escolher ser mais felizes. Não é uma obrigação, porque senão seria a positividade tóxica, mas é uma opção e este tipo de eventos diz-nos que temos esse tipo de opção”.   Particulariza, num cenário pós pandémico em que, apesar das especulação da difusão da paz e qualidade de vida no mundo corporativo, pelo aumento da consciencialização da temática da doença mental e desconstrução dos preconceitos associados à mesma, haver “um grupo restrito de empresas que é sensível ao bem estar dos seus colaboradores e, de facto, permite-lhes ter ferramentas para o seu bem estar ”, salvaguardando, ainda, que “ a empresa  tem que permitir  e criar os contextos, mas tem que ser o próprio a querer ser feliz”.  Explorando, ainda,  a sua experiência profissional, no que toca aos principais sintomas sentidos no âmbito da infelicidade no tecido empresarial refere que “ainda encontro muitas empresas que massacram, no sentido da busca do lucro e, sinceramente, ainda acho que este é um discurso vazio. Alguns líderes falam de felicidade mas depois têm práticas de imposição de pressão, de falta de respeito pelo equilíbrio vida pessoal-vida profissional e que, muitas vezes, dizem palavras vazias”, pelo que “há ainda muito trabalho a fazer no sentido de ouvir verdadeiramente as pessoas, encontrar um equilíbrio entre orientação para as pessoas e para resultados e perceber que as empresas podem ganhar menos a curto prazo mas ter pessoas mais motivadas e felizes e que vão ganhar mais a longo prazo, porque estas vão ser embaixadoras da marca, mostrar felicidade aos clientes  e pessoas felizes fazem clientes felizes mas, para isso, é preciso perceber isto, o que implica uma mudança de paradigma do típico empresário português.

No seguimento deste tópico, aborda a capitalização da felicidade, “Acho que até era preferível não falarem de felicidade do que falarem e, depois, terem uma prática contrária, o que depois descredibiliza o próprio tema. Acho que há muito trabalho a fazer porque há muitas empresas que falam do bem-estar das pessoas, mas, depois, o que lhes interessa é o lucro puro e duro e os sentimentos e emoções das pessoas não são assim tão valorizados como alguns discursos vigentes querem mostrar”.  Alerta, ainda, para a necessidade de auscultar a comunidade empresarial e as suas necessidades, me primeira mão, sentido, por vezes, haver “uma utilização abusiva do tema, que cria uma cortina de fumo sobre os reais problemas”, uma mensagem subjacente a práticas que descreve em cenários como “Ok, vamos dar-vos algo para vos fazer felizes mas, para já, a felicidade é um caminho, não é dar algo, isso só satisfaz. A questão é, se eu todos os dias tenho condições para ir para a empresa mais feliz, se o grau de pressão a que sou sujeito é confortável, se posso pensar e ser criativo, se tenho feedback constante, se me ouvem, se sinto que sou recompensado pelo meu trabalho, ou seja, não basta fazer um Team Building, uma festa da empresa ou por matraquilhos lá para as pessoas serem mais felizes mas sim perguntar às pessoas o que as faz felizes”.
Destaca, no Happiness Camp, a versatilidade de ângulos através dos quais o tópico foi abordado, citando a cultura e a interligação entre a arte e o ambiente corporativo como um caminho “positivo e divertido”. Além disso, foi também uma experiência diferente “estar do outro lado”, a receber conhecimento ao invés de transmitir. Finaliza a sua intervenção respondendo à questão «O quê que o fez feliz hoje?» através da citação de uma situação que aconteceu no próprio evento, tendo sido reconhecido por uma ex-formanda com a qual contactou há mais de 20 anos e que, de imediato, o abraçou e disse “este é o formador da minha vida”. Constata, assim, como “às vezes marcamos as pessoas e não temos consciência”.

Artigo por Carina de Nunes Seabra

Fotografias por Bárbara Pedrosa

  • Fotografia: Bárbara Pedrosa

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  • Fotografia: Bárbara Pedrosa

  • Fotografia: Bárbara Pedrosa

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  • Fotografia: Bárbara Pedrosa

  • Fotografia: Bárbara Pedrosa

  • Fotografia: Bárbara Pedrosa

  • Fotografia: Bárbara Pedrosa

  • Fotografia: Bárbara Pedrosa

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  • Fotografia: Bárbara Pedrosa

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