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Artigo de Opinião

DIA INTERNACIONAL DA MULHER “FORA DO TEMPO”

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Bárbara Silva

Bárbara Silva

Há dias e dias, há dias comuns e dias de festa e há os outros dias, ditos internacionais, que servem como pretexto para festarolas, mas que também servem de base de reflexão ou de momentos, infelizmente, pontais de alerta para questões e problemas contemporâneos. E Março é um mês cheio desses dias: começamos com o Dia da Igualdade Salarial (6) e com o Dia Internacional da Mulher (8), depois de a 6 de Fevereiro se ter comemorado o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina.

A mulher parece assim assumir um especial destaque nestas comemorações, talvez por ainda estar sujeita a inúmeras formas de violência, como o assédio no trabalho, as discrepâncias salariais absurdas, para não falar da violência física e psicológica a que muitas vezes é sujeita.

Dados recentes, apresentados pela Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA), denunciam que na Europa dos 28, 33% das mulheres foram vítimas de violência física ou sexual, o que representa cerca de 13 milhões de mulheres sujeitas a várias formas de violência física e cerca de 3,7 milhões sofreram de violência sexual. A violência psicológica também é destacada, nas suas mais diversas formas como a difamação ou ofensa verbal e, a outra escala, o controlo económico e comportamental.

Afinal para a verdadeira emancipação feminina não basta fumar cigarros em sítios públicos, ou beber vinho sem que seja camuflado por xícaras de chá. Hoje, a emancipação passa por poder decidir livremente, sem qualquer condicionante ou olhar repressor, o que quero fazer com o meu corpo, por exemplo, se quero ou não ser mãe. Hoje, a emancipação passa por ganhar salários de acordo com as funções desempenhadas e não de acordo com o sexo que temos no meio das pernas. Hoje, ser emancipada passa por ser respeitada no local de trabalho, em casa ou na rua.

Se o direito ao voto foi uma luta longa e penosa, que a luta pela igualdade de género ou contra a violência seja de que tipo for, seja menos difícil e morosa. Para isso, que todos os dias sejam internacionais da mulher, que todos sejam momentos de encontro e discussão por soluções, onde homens e mulheres pensem nos direitos de cada um, acabando com a “guerra” fictícia dos sexos, que nos vão incutindo.

Não queremos ser melhor que ninguém, queremos ser mulheres livres e independentes num mundo justo e igual. Há dias e dias, e que todos sejam das Mulheres.