Cultura
Paredes de Coura 2024: Diário de Bordo – Parte 4

Uma Despedida ao Som da Música e dos Aplausos
O acampamento acordou em burburinho, pronto para não apenas mais um, mas o último dia de festival. Tão vibrante como sempre, a azáfama da manhã ia-se instalando gradualmente, com muitos “bom dia” a ecoar pelas margens do rio. O acampamento despertava para aquele que seria o derradeiro dia de um festival memorável.
Antes de entrarmos no recinto, a banda… bem, sejamos sinceros: nem mesmo os membros a consideram uma “banda”. YAKUZA, um coletivo móvel pouco afeito a noções convencionais, brindou-nos com um espectáculo no relvado da praia fluvial. Com a liberdade criativa que os caracteriza, reinventam-se a cada projeto, desafiando as fronteiras da indústria do jazz.
- Fotografia: Inês Aleixo
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Já no recinto, chegou a vez de Valter Lobo, natural de Fafe, se destacar com as suas melodias suaves e letras poéticas. A sua música, que funde folk e indie, reflete a autenticidade e independência que o caracteriza – o músico não só compõe e produz as suas canções, como também gere integralmente a sua carreira. Figura eminente na música contemporânea portuguesa, emocionou o público com a sua atuação envolvente.
- Fotografia: Inês Aleixo
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Hurray For The Riff Raff estrearam o palco Vodafone, com Alynda Segarra na voz principal, e quebraram fronteiras musicais, abraçando um forte compromisso social. Alynda, artista queer de origem porto-riquenha e criada em Bronx, traz para a sua música e performances uma perspetiva única, infundida por temas de justiça social e experiências pessoais.
- Fotografia: Inês Aleixo
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A tendência queer prolongou-se no palco Yorn com Palehound, nome artístico de Ellen Kempner. O seu concerto a solo, com guitarra semi-acústica, deu a conhecer temas como “Dry Food”, “Eye on the Bat” e “Cinnamon”. O público testemunhou uma performance que, embora aparentemente simples, transcendeu pela profundidade emocional.
- Fotografia: Inês Aleixo
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Baxter Dury, figura singular da música britânica, trouxe a sua mistura de letras sagazes e sonoridade eclética, navegando entre o indie rock e o alternative pop. Filho de Ian Dury, Baxter forjou um caminho próprio, iniciando a sua carreira com o álbum “Len Parrot’s Memorial Lift” em 2003, que estabeleceu o seu estilo introspectivo e único, que muito foi apreciado pela plateia.

Fotografia: Inês Aleixo
A banda Hotline TNT, liderada por Will Anderson, destacou-se pelo seu som shoegaze. Conhecida pelos álbuns Nineteen in Love (2021) e Cartwheel (2023), a banda ganhou notoriedade pelas suas performances ao vivo intensas. Anderson escreve e grava todas as músicas, sendo acompanhado por uma formação rotativa de músicos, o que mantém o som da banda sempre fresco.
- Fotografia: Inês Aleixo
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Ainda na mesma linha do shoegaze, Slowdive subiram ao palco Vodafone. A banda britânica dos anos 90 dispensa apresentações para os fãs do género, com as suas atmosferas etéreas, guitarras vibrantes e vozes suaves. Álbuns do grupo, como Just for a Day (1991) e Souvlaki (1993), definiram todo este género musical e continuam a inspirar gerações de artistas. O público de Coura, claro, não ficou indiferente.
- Fotografia: Inês Aleixo
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Fotografia: Inês Aleixo
Still Corners continuaram o line up, com os seus sintetizadores etéreos a envolver a plateia numa atmosfera de paisagens urbanas e cenários cinematográficos. Formados em 2007, por Greg Hughes e Tessa Murray, a banda britânica de dream pop transportou o público numa viagem onírica.
- Fotografia: Inês Aleixo
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Ao longo da sua longa e histórica carreira, The Jesus and Mary Chain teceram uma narrativa de inovação musical e uma montanha russa de altos e baixos. A banda escocesa, liderada pelos irmãos Jim e William Reid, rapidamente se destacou no início da década de 80. Com álbuns icónicos como Psychocandy, e mais recentemente Damage and Joy e Glasgow Eyes, cimentam a reputação da banda no Hall of Fame da história do rock alternativo. E o seu concerto foi decerto um dos mais aguardados de todo festival, conhecido por trazer estrelas alternativas influentes, pelo que os festivaleiros mais fieis não ficaram desapontados com este estrondoso concerto.
- Fotografia: Inês Aleixo
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Os Superchunk, banda que capturou a essência do rock alternativo com a sua energia contagiante, seguiram-se no palco Yorn. Desde a sua formação em 1989, a banda tem mantido uma base de fãs dedicada, lançando álbuns aclamados como No Pocky for Kitty e Foolish.
- Fotografia: Inês Aleixo
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De regresso ao palco principal, os Fontaines D.C. continuaram a onda de boa música alternativa. Oriundos de Dublin, a banda post-punk criou a sua própria mistura de lirismo e rock, que captou a atenção de multidões, como aquela que se formou em Coura. O seu mais recente álbum, Romance, revela a evolução do grupo, mantendo-se fiel às suas raízes irlandesas.
- Fotografia: Inês Aleixo
- Fotografia: Inês Aleixo
- Fotografia: Inês Aleixo
A noite contou ainda com as atuações de Destroy Boys e Moullinex & GPU Panic.
- Fotografia: Inês Aleixo
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Para manter os festivaleiros acordados enquanto faziam as malas e desmontavam as suas tendas, a festa prolongou-se no campismo até ao amanhecer.
De casa às costas, os amantes de música preparavam-se para regressar às suas vidas, muitos a rumar a várias partes de Portugal e outros tantos além-fronteiras. Aos poucos, a praia do Taboão esvaziava-se, na sua rotina habitual de agosto, já ansiosa pelo próximo verão, para mais uma edição repleta de música e memórias.
Artigo redigido por: Sara Silva
Fotografias por: Inês Aleixo
