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Crónica

Máscara: uma amiga controversa

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Antes de começar, queria só deixar claro que este texto somente se destina aos indivíduos que, efetivamente, utilizam máscaras. Deste modo, exclui-se qualquer pessoa que ache que a pandemia não passa de um plano do Bill Gates para instalar antenas 5G e distribuir vacinas com nano-chips para nos controlar, ou qualquer indivíduo que use a máscara tapando só a boca.

Abordemos o elefante na sala, as máscaras são, de facto, desconfortáveis. Não há como o negar, é uma inquietação nas orelhas e no próprio respirar, para além do enorme entrave que é à comunicação. Eu não só mal-entendo o que as pessoas me dizem, como quando me quero expressar tenho de o fazer num tom “pavarottiano”.

É cansativo andar um dia todo de máscara, já para não dizer que não é nada agradável passar essas horas a tentar perceber se num contexto pré-pandémico o nosso hálito era igualmente fétido. Contudo, também há vantagens em passar a maior parte do dia com a nossa cara tapada, um benefício que se revela extremamente útil nesta altura do ano. Sejamos sinceros, por muito incómodo que seja, com este frio de Inverno, sabe bem usar máscara, é quentinho. É de tal ordem cómodo que, admito, prefiro utilizar uma máscara ao invés de aderir ao divertido e intemporal jogo de brincar com a condensação do ar fingindo estar a fumar um cigarro. É esse o nível de consolo.

Outra utilidade que eu vejo nas máscaras é o facto de, ao taparem a maior parte dos nossos rostos, encobrirem também as nossas expressões faciais. Atualmente, quando alguém se dirige a mim eu apresento, religiosamente, sempre a mesma “poker face” de atenção e confiança. Mesmo que, por baixo daquele tecido, esteja a bocejar de sono ou a fazer caretas ao indivíduo que me está a tentar convencer a mudar de tarifário.

As máscaras irritam-me particularmente em relação a um aspeto. Todos nós temos aquele inexplicável reflexo de, quando tiramos as máscaras para beber ou comer, momentaneamente, colocá-las suspensas no queixo. Até aqui tudo bem, o problema é que nos esquecemos que elas por lá ficam, e prosseguimos as nossas vidas normais com um pedaço de pano enrodilhado na parte debaixo da nossa cara. Este esquecimento leva a que sejam tiradas fotos bem bizarras, onde num grupo feliz de amigos, família ou de um casal apaixonado seja inevitável que um dos elementos se faça acompanhar de um duplo queixo azul.

Porém, é uma espécie de paradoxo, pois a utilização de máscaras pode ajudar também a embelezar as fotos. Em caso de espinha evidente ou borbulha asquerosa, o uso estratégico deste acessório pode ajudar a salvaguardar a beleza da fotografia, bem como evitar humilhações futuras da época em que o Rogério tinha um vulcão perto do lábio. Sendo tudo isto suportado pela tese de que nos encontrávamos em pandemia, e o próprio estava a cumprir as regras de higiene, aumentando ainda o respeito e admiração por este bom cidadão.

Em suma, a minha experiência com máscaras não tem sido nada que não se aguente. Aconselho o seu uso, baseando-me num argumento que terminaria este “Prós e Contras” numa linha: as máscaras são essenciais para prevenir a contaminação e propagação do vírus. Fim- fecha plano no rosto da Fátima Campos Ferreira.

 

Artigo da autoria de José Miguel Dantas

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