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Crónica

Celeste Caeiro e os cravos da liberdade

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No dia 25 de abril de 1973, abriu o restaurante “franjinhas”, localizado perto do Marquês de Pombal. Nesse restaurante trabalhava uma humilde mulher, Celeste Caeiro.

Exatamente um ano depois, no dia 25 de abril de 1974, o restaurante iria comemorar o seu primeiro aniversário.

Celeste levantou-se cedo, tal como fazia todos os dias, e dirigiu-se ao seu posto de trabalho com a esperança de que aquele fosse um dia de festa no qual iria presentear  os seus clientes com belíssimos cravos vermelhos. Não estava de todo enganada, pois aquele seria, de facto, um dia de festejo. Acabou por ser diferente do que ela esperava, mas foi, sem sombra de dúvidas, um dia marcante para a história desta mulher e de todos os portugueses. Quando chegou ao restaurante admirou-se por ver que a porta estava fechada. A gerente do estabelecimento anunciou aos funcionários que naquele dia o restaurante não iria abrir devido ao golpe de Estado que estava a acontecer, e distribuiu os cravos pelos funcionários para que não se estragassem, uma vez que não iriam ser distribuídos pelos clientes.

Após esta situação, Celeste voltou a fazer o caminho para casa – apanhou o metro para o Rossio e caminhou até ao Chiado, local onde morava. Quando chegou à rua do Carmo avistou os tanques revolucionários e um militar que perguntou gentilmente se Celeste lhe poderia dar um cigarro. A humilde mulher teve pena de não poder dar um cigarro a este militar, tendo ainda procurado nas redondezas algum lugar aberto para comprar alguma comida, mas os estabelecimentos estavam todos encerrados. Então, resolveu oferecer um dos cravos vermelhos que levava. O soldado gostou do gesto e colocou o cravo na ponta da espingarda. Celeste distribuiu mais cravos pelos soldados, que imitaram o gesto do primeiro soldado que recebeu a flor da liberdade.

Foi desta forma que Celeste deu o nome à revolução de abril que irá sempre marcar a história portuguesa.

Já dizia a poeta Rosa Guerreiro:

“És somente portuguesa

Uma mulher em tantas mil

Mas irás ser com certeza

Mulher dos cravos de Abril”

 

Artigo da autoria de Inês Ribeiro

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