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Crónica

HÁ FESTA NA CIDADE

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Beatriz Carneiro

Beatriz Carneiro

A cidade prepara-se para a festa. As ruas estão enfeitadas com bandeiras e fitas de todas as cores, que se atravessam de uma varanda à outra. Há cascatas nos cafés e quadras nas janelas. Vemos cartazes espalhados por todo o lado com o programa musical daquela festa que vai durar uma semana. Ouvimos “Já viste quem vem este ano?”, e alguém responde “Quando veio o Herman é que foi um espetáculo!”. Montam-se palcos nas avenidas, nas praças e onde der, porque não pode faltar o bailarico e as marchas. As roulottes instalam-se nos passeios, mas ninguém se importa, é para a festa.

Por muito que tentemos evitar, não conseguimos fugir aos manjericos que enchem as montras e os passeios, as lojas e lojinhas da cidade. Pomos a mão para cheirar e ouvimos “São 8 euros menina”. E a verdade é que Santos Populares sem um manjerico na janela não pode ser, então levamos, orgulhosos da nossa boa compra, o manjerico na mão. Nem pensamos nos 8 euros, nem é muito, e é para a festa.

Quando saímos à rua, sentimos aquele cheiro que não engana mesmo o português mais distraído, e pensamos “Alguém está a assar sardinhas”. Olhamos e vemos o fumo e lá está o senhor Manuel com o assador no meio da rua e a cerveja na mão, a chamar pela mulher porque precisa de uma travessa. A vizinha do lado vem à rua, cumprimenta efusivamente o senhor Manuel e pede-lhe se ele não faz o favor de lhe assar também umas “sardinhinhas”. Ela não se importa com o cheiro a fumo que vai ficar na roupa que acabou de estender no pátio. É festa.

Nesta altura do ano, em que o calor começa a chegar e alguns já estão de férias, ninguém se importa com o cheiro a fumo, a sardinhas, com os manjericos, com as roulottes a ocuparem espaço nos passeios, com a música alta à noite ou com os filhos a insistirem para o pai ir comprar um balão.

Chegou a festa, ou melhor, chegaram as festas de que toda a gente gosta, em que se anda a noite toda na rua, de um lado para o outro, a levar com alho-porro ou a dar marteladas. As festas em que mesmo não conhecendo a pessoa que está ao nosso lado dizemos “Bom S. João” e somos todos amigos. Mesmo que no final já não possamos dos pés e tenhamos perdido o martelo, não faz mal, é festa e isso é que importa.

Já agora, Bom S. João!

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