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Crónica

IMAGINA

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Imagina o que seria viver num mundo em que só sentirias fome por gulosices e nunca por falta de comida. Imagina que a única dor que viesses algum dia a sentir fosse um corte proveniente de um papel. Imagina viver num mundo onde a palavra terrorismo fosse somente uma palavra arcaica, da qual já nem te lembras do significado.

Um mundo tão fácil de imaginar mas tão difícil de se cumprir.

No dia 13 de novembro este mundo imaginário ficou ainda mais longe do concretizável. O terrorismo mostrou mais uma vez o seu rosto ao atacar Paris e consequentemente o mundo.

O mediatismo deste acontecimento não levou somente ao luto, levou também a que o mundo “vestisse” as cores de França através de um filtro de foto de perfil disponibilizado pelo Facebook.

O que aparentemente parecia mais uma ideia brilhante de sensibilização saída da cabeça de Mark Zuckerberg  rapidamente se tornou num fator de criticismo por parte das “mentes moralistas” que viram este gesto como um ato de ignorância em relação aos outros acontecimentos do mundo.

Será ignorância ou compaixão por aquilo que nos é mais próximo? Será que é aceitável criticar aqueles que viram este pequeno gesto como uma forma de se sensibilizarem com esta tragédia? Não, não é aceitável. O mundo sofre de demasiadas doenças, mas uma delas destaca-se sempre quando existem situações como estas: a intolerância para com a opinião dos outros.

É tão difícil acabar com o terrorismo como meter na cabeça das “mentes moralistas” que não é o facto de colocar um filtro na foto de perfil que faz alguém menosprezar as restantes catástrofes no mundo.

Na minha honesta opinião se a cidade de Paris não tivesse sido atacada, nenhum destes moralistas ia perder meio segundo da sua vida a partilhar uma notícia sobre os ataques em Beirute, muito provavelmente iriam ver aquela notícia e pensar o que toda a gente pensa no dia-a-dia: Mais um dia, mais umas explosões no outro lado do mundo.

Perante esta triste realidade que se tem vindo a notar nos últimos dias, onde aparentemente a nossa compaixão está limitada a um filtro com a bandeira francesa, foquemo-nos no que realmente importa.

O critério da proximidade não revela de maneira alguma que uma pessoa dê menos importância a algo que acontece do outro lado mundo. Este ataque terrorista a Paris não foi apenas um ataque a França ou à Europa, foi sim um ataque claro à vida humana e a todos os valores a ela subjacentes.

Numa altura em que o mundo está de luto, deixemo-nos de críticas e moralismos e reflitamos no dia 13 de novembro como um ataque à humanidade e ao direito à vida. Não nos limitemos a um filtro e aprendamos a usar o espírito crítico de uma forma mais correta e útil.

 

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