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Política

TEMÁTICA DOS REFUGIADOS EM DISCUSSÃO

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Com a crescente vaga de refugiados oriundos essencialmente da Síria, do Iraque e do Afeganistão, o tema “Refugiados: que rumo?” impõe-se, à medida que milhares de migrantes permanecem encurralados nas fronteiras e a possibilidade de uma crise humanitária à escala mundial se torna mais próxima. Deste modo, o Grupo de Estudantes da Amnistia Internacional FPCEUP decidiu abrir ao público a discussão do tema, organizando uma palestra seguida de um debate, dinamizados pelo vice-presidente da Amnistia Internacional portuguesa, Manuel Cunha, e pela voluntária da PAR, Leonor Abreu.

A palestra abriu com a célebre citação de Nelson Mandela: “Podemos mudar o mundo e torná-lo num lugar melhor. Está nas nossas mãos fazer a diferença.” Foi assim lançado o mote que guiou todo o evento.

A primeira intervenção ficou a cargo de Manuel Cunha, que iniciou a sua exposição atacando a classe política e governadora portuguesa e europeia, dizendo que os políticos colocam os problemas dos refugiados de forma enviesada para os interesses politico-económicos, e realçando que a Amnistia tem uma visão mais alargada da problemática, que se foca na defesa dos direitos humanos. “A luta pelos direitos humanos é a luta pela justiça”, interpela o vice-presidente.

O orador aborda, ainda, a falta de cuidado da comunicação social portuguesa no trato deste tema. Na opinião de Manuel Cunha, quando os media querem que um assunto seja falado, insistem nele de forma acérrima, e que quando querem que um assunto seja silenciado, sem que reparemos, falam dele apenas uma vez. “E o caso dos refugiados é um dos temas que se quer silenciado”, afirma.

Como exemplos, fala sobre a falta de divulgação dos inúmeros protestos, organizados pela Amnistia Internacional e dirigidos à União Europeia, contra os coletes falsos vendidos aos refugiados, que querem passar para a Grécia, e consequentes exigências de rotas seguras e legais. As entidades de comunicação portuguesas também foram alvos de crítica por parte de Manuel Cunha, por não veicularem informação completa e totalmente verídica. O vice-presidente alerta ainda para a desinformação que a Internet promove, ao difundir notícias falsas, que espalham o medo da receção dos refugiados.

O primeiro orador termina a sua intervenção relembrando os imensos conflitos de interesses, no que toca ao financiamento e compra de armamento e petróleo. A título de exemplo, dá o caso da Turquia, que compra deliberadamente petróleo ao Auto-Proclamado Estado Islâmico, com pleno conhecimento por parte da Europa. Assim, conclui que “este é um problema de todos os cidadãos europeus, e até mesmo mundiais, não apenas dos países do Médio Oriente”.

Leonor Abreu, voluntária na Plataforma de Apoio aos Refugiados, dá início à sua exposição, ao afirmar que estamos a viver uma crise humanitária muito mais profunda que uma “mera” crise de refugiados. A oradora menciona o facto de há dois anos a União Europeia ter recebido o prémio Nobel da Paz e confronta-o com a atitude geral por parte de UE perante a crise migratória. De seguida, questiona o público: “O que faz de nós humanos?”, “Onde está a humanidade?”, “Onde está a humanidade deste Nobel da paz?”. Questiona ainda: “Paz? Como podemos viver com isto?”.

Depois das questões lançadas em jeito de reflexão, reitera que os países europeus deveriam ter presente o valor da solidariedade acima dos interesses económicos estratégicos.

Leonor Abreu termina a sua intervenção explicando o trabalho da Plataforma de Apoio aos Refugiados, como é que a mesma funciona a nível de apoios externos e de que modo é dada a ajuda às pessoas que já chegaram ao nosso país (67 de 4000 prometidas pelo Primeiro Ministro).

Por fim, é dado um espaço aberto de perguntas da assistência, em que os dois oradores são questionados sobre a questão recorrente da ajuda aos refugiados em detrimento dos sem-abrigo, das burocracias que impedem a chegada das pessoas que estão encurraladas nas fronteiras aos países de acolhimento, e da fraca possibilidade de integração dos refugiados devido a questões culturais.