Sociedade
UMA “PEQUENA CONVERSA” SOBRE NOVOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Os novos meios de comunicação foram o tema de conversa do “Little Talks”, organizado pela Associação de Estudantes da Universidade Lusófona do Porto (AE ULP).
Num ambiente informal, onde o objetivo passou por criar uma proximidade entre os oradores e o público, o Salão Nobre da ULP ia-se preenchendo aos poucos. O público era composto sobretudo por estudantes.
A conferência desta sexta-feira contou com a participação de Daniel Catalão, jornalista e apresentador da RTP, e Júlio Magalhães, jornalista e diretor de informação do Porto Canal.
A primeira questão centrou-se no significado dos novos meios de comunicação, no qual se associou o conceito de “realidade virtual”. Os desafios passam, segundo Júlio Magalhães, pelo domínio da tecnologia, ao invés de deixar que a tecnologia domine os utilizadores. No jornalismo, coloca-se um “desafio narrativo”, uma mudança na forma como se contam as histórias.
Ao longo da conferência, foi também abordada a importância de saber comunicar e não perder esta capacidade, especialmente numa área que assiste uma crescente evolução tecnológica. “Por muito que o mundo avance, a relação olhos nos olhos, o contacto visual vai-se manter”, reforçou Júlio Magalhães.
Os dois oradores admitem que a forma de comunicação que caracteriza o jornalismo não pode desaparecer. Apesar de todas as vantagens proporcionadas pelos novos meios, Daniel Catalão considera que estes criaram um jornalismo de secretária, onde se “cozinham notícias” e não se contacta com as fontes.
No final da conferência houve ainda tempo para algumas questões do público. Os oradores reforçaram a importância dos novos meios de comunicação, mas sem esquecer o papel essencial que os meios tradicionais continuam a ter para as pessoas. Os livros continuam a ser importantes e “insubstituíveis”. A solução passa por uma complementaridade e não pela substituição.
O JUP esteve à conversa com os dois jornalistas convidados. Daniel Catalão considera os novos meios de comunicação como novas narrativas que “pretendem espicaçar mais a experiência do utilizador”. O jornalista da RTP vê nestes meios numa “imersividade, onde há o poder de voltar à história várias vezes e encontrar nela perspetivas diferentes”.
A falta de investimento e do contacto com as pessoas são, para Daniel Catalão, os maiores perigos e o grande desafio que o jornalismo atual enfrenta. “O meio para onde se faz a história não interessa. É preciso sair, falar com as pessoas e eu acho que isso começa a perder-se muito”, afirmou o professor de Computação Multimédia e Interatividade na ULP.
Júlio Magalhães vê na realização de conferências como as do “Little Talks” a possibilidade de comunicar e aprender. “O mundo avança, nós avançamos, mas não há nada como o contacto visual, o contacto oral e a partilha de experiências entre pessoas”, acrescentou o diretor de Informação do Porto Canal.
A mensagem que deixa para os futuros profissionais de comunicação é que sejam curiosos, saibam falar e escrever bem e, acima de tudo, “sejam contadores de histórias”, independentemente do meio para o qual trabalhem.
O ciclo de conferências “Little Talks” realizou-se entre os dias 11 e 15 de abril e abordou vários temas com destaque na atualidade, contando com vários oradores convidados, como o Professor Doutor Carlos Gomes, André Levi e o diretor clínico do Hospital Santo António (“Eutanásia”), Carlos Neves, Manuel Cunha e a Professora Doutora Joana Cabral (“O Impacto dos refugiados na Europa”), Paula Rocha e Pedro Jordão (“O Impacto da globalização da gestão pública e privada em Portugal”), o Engenheiro Bento Aires e o Engenheiro Técnico José Manuel Sousa (“Ser engenheiro em Portugal”) e Daniel Catalão e Júlio Magalhães (“Os novos meios de comunicação”).
Luís Cruz, presidente da AE ULP, considera que a adesão por parte dos estudantes às diversas conferências surpreendeu a associação. Ao longo de 5 dias passaram cerca de 400 pessoas pelo Salão Nobre da ULP.
“A universidade lusófona do Porto tem 5 faculdades, sendo que a intenção da associação é que todos os cursos e todas as faculdades tenham uma representação nas conferências”, acrescentou o presidente. O objetivo passa por dar aos estudantes a oportunidade de contactar com pessoas que percebem e são bem-sucedidas na sua área de interesse.
Luís Cruz reforçou a vontade em dar continuidade a este ciclo de conferências, face ao sucesso da sua primeira edição.