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Educação

Bioengenharia chama: Ciência em cinco minutos

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Estudante a discursar num púlpito, decorado com uma letra B, símbolo do Symposium on Bioengineering. Por trás, está projetado um dos slides da sua apresentação, onde se pode ler "Heart rate". Ao fundo, as bandeiras de Portugal, da Universidade do Porto e da Faculdade de Engenharia.

É típico da Academia o gosto por eventos baseados na troca livre de ideias, transportados dos simpósios da Antiguidade Clássica. O Symposium on Bioengineering é um evento organizado por e para estudantes. À responsabilidade apenas do Núcleo de Estudantes de Bioengenharia (NEB – FEUP/ICBAS), abre as portas a todos os que tenham interesse por esta área multidisciplinar das ciências e tecnologias.

A experiência completa inclui não só as palestras, workshops, visitas a empresas e coffee breaks, como sessões de speed dating, um jantar social e a competição de pitch Science Under 5’.

Os estágios em investigação, bem como outros projetos, são muitas vezes um esforço adicional que o estudante faz para adquirir experiência, sem esperar compensação imediata, além da aprendizagem pessoal.

Pretende-se que este evento empreste a sua visibilidade na comunidade científica aos estudantes que nele queiram partilhar o seu trabalho.

Assim, qualquer estudante de licenciatura ou de mestrado que tenha realizado um estágio, uma tese ou um projeto que seja pertinente para a Bioengenharia pode submeter por e-mail, até ao dia 24 de fevereiro, um pequeno abstract, sujeito às regras explícitas neste documento.

No máximo, seis trabalhos serão selecionados, cujos autores serão previamente notificados e apresentarão o seu projeto em cinco minutos no dia 19 de março. Os primeiros três lugares serão premiados com bilhetes para o XV Symposium on Bioengineering, bem como 250€, 150€ e 100€ em dinheiro.

A exigência de um tema “pertinente para a Bioengenharia” pode soar demasiado vaga para alguns e demasiado específica para outros; mas a verdade é que a possibilidade de participar se estende muito além dos, futuros, bioengenheiros.

A título de exemplo, são típicos os temas relacionados com genética, engenharia de proteínas, tecnologia alimentar, sustentabilidade e biorrecursos, cirurgia robótica, medicina regenerativa, entre variadíssimos outros.

Por ser relativamente recente, a Bioengenharia não tem uma tradição exclusiva como, por exemplo, a da Medicina, mas surgiu de modo a estabelecer pontes entre várias áreas. Não será, portanto, difícil encontrar estudantes dos quatro cantos das Ciências e Tecnologias na Academia do Porto a realizar trabalhos relacionados com as engenharias molecular, biológica e biomédica.

O JUP teve a oportunidade de conversar com três das participantes da edição passada, duas das quais premiadas: Margarida Carvalho, Inês Martins e Maria Amaro.

Depois de terem sido obrigadas a comprimir um trabalho de um ou mais semestres em cinco minutos, tivemos a desfaçatez de desafiar ainda mais o poder de síntese destas estudantes, e pedir-lhes as linhas gerais dos seus projetos.

Inês investigou um modo de prever complicações do feto, analisando e comparando os sinais cardíacos fetal e materno. Maria Amaro estudou uma medida quantitativa de sinais de ECG e ciclos respiratórios de recém-nascidos, para tentar prever a ocorrência de sépsis de modo não invasivo. Margarida trabalhou na criação de um pâncreas bioartificial para cura da diabetes tipo 1, através da diferenciação de células estaminais em células pancreáticas.

Todas consideram que a sua participação no concurso enriqueceu significativamente a experiência no evento. “Nunca tinha feito uma apresentação para uma plateia tão grande”, atesta Inês, que refere ter tido a ocasião de ver o seu esforço recompensado. “As perguntas feitas pelo júri reforçaram o interesse e relevância que os meus resultados podem vir a ter”, acrescenta.

Por seu lado, Maria Amaro recorda ter apreciado a sensação de partilhar um pouco daquilo que aprendeu durante o seu trabalho e tornar-se “um interveniente mais ativo num evento desta dimensão, embora por um tempo reduzido”.

Margarida confirma esta posição: “Eu já tinha participado no simpósio em anos anteriores, e no ano em que participei, senti-me muito mais envolvida no evento”.

O Science Under 5’ não pretende ser em si um fim, mas um produto secundário agradável de um projeto que esteja a decorrer ou já tenha decorrido. Para Margarida, foi a tese do Mestrado Integrado. Para Inês e Maria Amaro, foi um estágio extracurricular.

Inês sentiu-se motivada a participar por “querer um novo desafio e sentir que os meus orientadores tinham confiança de que o que estava a investigar era relevante”. Maria Amaro aproveitou o concurso para cumprir um dos requisitos do estágio, “produzir um paper ou algum tipo de apresentação decorrente do que fosse investigado”.

Por seu lado, Margarida afirma que tinha gostado bastante de assistir ao concurso em edições anteriores, e viu esta participação como a primeira oportunidade de comunicação oral no âmbito do projeto. “O facto de a apresentação ser num formato pitch também me cativou”, completa.

De uma perspetiva do impacto para o futuro académico e profissional do estudante, as três participantes estão de acordo. Inês acredita que “fazer um pitch científico diante de um público grande, onde estão estudantes, alumni e professores”, lhe pode ter conferido “alguma visibilidade no ambiente académico”, e a sua expectativa é de que venha também a ser uma mais-valia profissionalmente.

Maria Amaro defende esta oportunidade de falar em público como uma experiência positiva de crescimento, que lhe permitiu adquirir confiança. “A nível académico ou profissional, dá-nos a conhecer aos professores, investigadores e pessoas de interesse na área e dá uma boa primeira impressão para fazer networking. Mas eu diria que a experiência me enriqueceu mais pessoalmente”, afirma.

Margarida, este ano já alumna FEUP, pode comprovar que estas expectativas são fundamentadas: “A nível profissional, a participação e o prémio foram muito valorizados aquando da minha candidatura ao programa doutoral no qual estou inscrita e na candidatura à bolsa de doutoramento da FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia), que consegui obter. Aconselho especialmente quem não teve ainda oportunidade de apresentar o seu trabalho em congressos científicos a concorrer ao Science Under 5′, porque é uma apresentação mais simples mas que tem à mesma bastante valor e isso é reconhecido”.

Os testemunhos convergem: fazer ciência em cinco minutos parece ter um custo-benefício compensatório. Aos prémios somam-se as oportunidades de desenvolver competências como a capacidade de falar em público e argumentar, de ser exposto e poder contactar com um alargado número de profissionais da área, bem como de obter um reconhecimento adicional pelo trabalho realizado. São vantagens à medida de um universitário, destinadas a abrir portas aos que se deixarem desafiar.

Mais informações sobre o Symposium on Bioengineering estão disponíveis neste sítio e nas redes sociais do evento: instagram e facebook. As inscrições podem ser efetuadas aqui.  Sobre o concurso Science Under 5′, os detalhes podem ser consultados aqui, e o regulamento (que inclui o endereço de email para candidaturas) neste endereço.

Artigo escrito por: Ana Pinto

Editado por: Maria Pinho Andrade