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Sociedade

MARCHAR POR UM “SIM” AO FUTURO

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Foi com o mote “Parar o petróleo! Pelo clima, justiça e emprego!” que dezenas de pessoas se juntaram, no passado sábado, 8 de setembro, na baixa da Invicta, para marchar pelo clima, e apelar à luta por um mundo livre dos combustíveis fósseis.

A partida, por volta das 17h00, foi dada na Praça da Liberdade (Avenida dos Aliados), com apelos à valorização das pessoas e da justiça social face aos lucros obtidos com o petróleo, e a marcha seguiu pela Rua Mouzinho da Silveira, terminando na Praça da Ribeira (Cais da Estiva).

O evento esteve integrado na mobilização internacional “Rise for Climate”, sendo que decorreu, no nosso país, nas cidades do Porto, Lisboa e Faro.

Com inúmeros cartazes disponibilizados para quem neles quisesse pegar, e assim intensificar a sua luta na ação pelo clima, os participantes entoaram em uníssono gritos de revolta pela valorização do valor capital do petróleo, e de chamada de atenção para a falta de importância dada à sociedade e aos seus valores no âmbito da utilização de combustíveis fósseis.

Mensagens como “Mudar o sistema, não o clima”, “Não ao furo, sim ao futuro!”, “Contra o capitalismo! Pela Terra!”, e ainda “Empregos com Dignidade, para o Clima e a Sociedade”, fizeram, literalmente, parar o trânsito, e ainda inúmeros residentes e turistas que pela baixa da cidade passavam, tão sentidos e cheios de energia eram os apelos dos mobilizados.

Ao JUP, Hugo Monteiro, membro da organização sem fins lucrativos SOS Racismo, mas participante como indivíduo singular, prontificou-se a responder a uma série de questões que lhe foram colocadas, com a convicção de quem acredita na mudança.

O que é que o motivou a vir marchar pelo clima?

Acho que é uma questão absolutamente central hoje em dia… É uma questão que afeta todos e todas, e que está a ser tomada de assalto pelo interesse de alguns. Isto significa que cada vez que levantamos a voz pelo clima, estamos em representação de milhões de pessoas que não têm voz, e que são as diretamente afetadas por estas questões.

Que consequências positivas pensa que a marcha trará para o futuro?

Muitas, espero eu! Antes de mais nada, alertar quem ainda não está alerta; por outro lado – espero eu – pressionar os poderes, mostrar que o povo tem uma palavra a dizer quanto àquilo que é o seu futuro, portanto, não entregam o seu próprio futuro às energéticas nem aos interesses privados, e têm ainda uma palavra a dizer realmente quanto àquilo que são as governações do país e do mundo.

Qual considera a medida mais urgente/importante para que haja redução da utilização de combustíveis fósseis?

Acho que é importante apostar nas (energias) renováveis, não como apoio às energias convencionais, como tem sido feito, mas como alternativa real e concreta. Precisamos de apostar numa política energética, ao contrário do que tem sido feito até agora.

Qual acha que é o seu papel, enquanto membro da comunidade, para esta causa?

Desde logo alertar… alertar daquilo que sei, e informar-me daquilo que não sei. Esta é uma questão que tem muita tecnicidade – que eu próprio não domino, e a maior parte das pessoas igualmente – e é preciso traduzir politicamente isto para nós, para a nossa vida, e para a vida das pessoas todas. Portanto, acho que enquanto membros da comunidade devemos alertar e, por outro lado, deixar-nos também alertar.

Para além das palavras de Hugo Monteiro, Soraia Pires, estudante de Direito da Universidade Católica Portuguesa, deu-nos o seu testemunho enquanto jovem ativa e preocupada com o seu futuro e o futuro do planeta:

“Vim à marcha porque achei que era uma boa causa para defender, bem como uma oportunidade de termos alguma visibilidade,  e dar-mos uma maior visibilidade ao problema. O essencial é começar com coisas pequenas e dar o exemplo, nomeadamente parar a questão do furo, e não deixar que o furo seja sequer algo a considerar. Penso que toda a gente que está contra este tipo de ações (dos furos), deve tentar manifestar-se – como está a acontecer agora – porque se não fizermos nada, ninguém vai ter a verdadeira noção de que a comunidade está realmente contra.”.

Com o apoio de quase meia centena de associações, salvar o clima foi a preocupação central daqueles que pela manifestação passaram e contribuíram para uma maior valorização de um problema bastante real: o da utilização de combustíveis fósseis em prol dos abastados lucros dela resultantes.

Por quem trabalha e por todos os afetados pelas alterações climáticas, não existem dúvidas entre os manifestantes e apoiantes da causa, de que os passos dados por estes sejam um importante contributo para um grande passo da Humanidade.