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Sociedade

Nação valente e … mortal: Portugal e a redução da pegada ecológica em 2022

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Autor: artJazz artJazz Crédito: Getty Images/iStockphoto
Direitos de autor: artJazz

Lisboa, Porto e Guimarães são as três cidades portuguesas selecionadas para pertencer ao grupo de 100 cidades europeias que se integram na Missão Cidades da Comissão Europeia, e que ambicionam ser climaticamente neutras até 2030. Por isso, a ação climática levada a cabo pelas Câmaras destes municípios já tem lugar há alguns anos, e tem como objetivo “cortes de 55% das emissões de gases de efeito de estufa”.

Agora, Portugal terá o seu próprio Plano de Poupança Energética, como ditou, em julho, a Comissão Europeia. O Ministro do Ambiente e da Ação Climática adianta já algumas medidas.

 

A aposta atual no desenvolvimento sustentável

“O município do Porto deixou de consumir energia fóssil em 2021 e nada depende do gás ou petróleo russos”, assegura o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo. A cidade do Porto é, hoje, alimentada a 100% por energias renováveis: desde edifícios e empresas municipais, a iluminação de rua, semáforos ou carregamento de carros elétricos, por exemplo. 10 a 12% da iluminação da cidade é feita através de LED e o objetivo será atingir os 90%, substituindo, até ao início de 2023, mais de 26 mil luminárias.

Criou-se, ainda, o projeto Porto Solar, que tenciona aumentar a produção fotovoltaica do município. Prevê-se, então, a instalação de sistemas de produção desta energia em 29 edifícios Municipais, 25 deles escolas.

Outra medida que está a ser implementada é “a criação de comunidades de energia renovável na cidade”, segundo Filipe Araújo. Exemplo disso é o projeto no bairro do Amial, onde 180 habitações e uma escola irão produzir energia para autoconsumo.

Também na capital se aposta nas renováveis, e a energia solar, nomeadamente, será aproveitada, como garante a diretora municipal do Ambiente, Catarina Freitas. Está a conceber-se “um fundo climático, destinado aos lisboetas, que apoiará financeiramente medidas de eficiência energética e de geração de eletricidade no edificado da cidade”. O fundo irá albergar medidas como isolamentos térmicos, equipamento de climatização ou sistemas solares térmicos e fotovoltaicos. Lisboa é a terceira capital europeia com mais horas diárias de sol: “A radiação solar incidente é cerca de sete vezes a eletricidade consumida na cidade e 44% dos telhados têm boa exposição solar, podendo Lisboa gerar um volume de eletricidade fotovoltaica para suprir cerca de 90% das suas necessidades”.

A Câmara lisboeta quer também investir na tecnologia LED, mas o facto de a cidade ter o sistema de iluminação mais antigo do país torna-se um obstáculo. No entanto, esforços têm sido feitos nesse sentido: estão a ser substituídas 16 mil lâmpadas, que diminuem a energia consumida em 70%. As luminárias de ruas serão, ainda, desligadas 15 minutos mais cedo de manhã, o que permite poupar 2% do consumo anual.

Face à emergência climatérica agravada pela conjuntura da política global, implementam-se  também medidas de “cariz fortemente extraordinário”, de quesão exemplos a limitação de temperatura dos sistemas de climatização dos edifícios municipais (25ºC no verão e 19ºC no inverno) ou a ativação do modo de baixo consumo no equipamento informático.

 

O que esperar do plano energético

O Ministro do Ambiente e da Ação Climática adianta algumas medidas prováveis implementadas pelo Plano de Poupança Energética, que “começa com uma avaliação da poupança e redução de consumos que resultam das medidas que têm existido”.

Setores como o retalho terão “recomendações”, e não irão existir reduções nos horários para a atividade comercial, ao contrário de países como a Itália, onde os comércios encerram todos obrigatoriamente às 19h. Uma hipótese colocada pelo ministro Duarte Cordeiro foi a redução da iluminação das lojas, já que “a partir de uma determinada hora, não faz sentido haver iluminação”. Este pressuposto vai ao encontro de países como a França ou Espanha, que desligam montras e outdoors publicitários à noite. De facto, o Ministro garante que que o plano será semelhante ao dos países vizinhos, como a Espanha, França ou Alemanha.

No que diz respeito ao consumo de gás, a Comissão Europeia pediu aos estados-membros uma redução de 15% até março de 2023, isto porque a Europa necessita de ter reservas para o Inverno, uma vez que não existe fornecimento por parte da Rússia, dado o contexto bélico atual. Portugal, no entanto, já reduziu este consumo em 20% desde o início do ano e pretende diminuir mais 5% até ao final de 2022.

Algumas iniciativas foram ainda sugeridas pela associação ambientalista Zero, que refere o incentivo ao teletrabalho e o recurso aos transportes públicos, através da criação de bilhetes económicos, como na Alemanha, onde, por 9 euros, há um passe que permite viajar por todo o país. A Zero reivindica ainda medidas de reabilitação de edifícios, de forma que estes não necessitem de climatização e sejam termicamente confortáveis.

O Plano Nacional de Poupança de Energia será publicado “em breve”, e terá um carácter de obrigatoriedade para a Administração Pública, incluindo também recomendações para o setor privado e para a administração local.

Texto por Carolina Bastos

Revisão por Beatriz Areal dos Santos