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Sociedade

Queima das Fitas: Impacto das mudanças no maior festival académico do país

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Queima das Fitas do Porto

A 101º edição da Queima das Fitas, terminou após proporcionar, durante sete dias, um vasto programa cultural, como a Monumental Serenata, Bênção das Pastas, Cortejo e concertos, mas com novidades. O emblemático Queimódromo sofreu mudanças e, atualmente, a Queima das Fitas é considerada a segunda maior festa da cidade do Porto, logo depois das Festas de S. João.  A principal novidade foi a reorganização do espaço com  a existência de, pela primeira vez, três palcos: Palco Academia, o principal, Palco Secundário, onde decorreram noites temáticas, e Palco Cultura, com destaque para “stand-up comedy”.

Two Door Cinema Club, banda irlandesa, foi a cabeça de cartaz. A banda não é desconhecida do público português e já passou por Portugal, no contexto de outros festivais, como na edição passada do NOS Alive. Ainda o regresso dos Ornatos Violeta e a escolha de Slow J, Wet Bed Gang, Mc Pedrinho, Chico da Tina e Karetus demonstram o escalar da programação a nível de festival. Além disso, o fim de bilhetes com preços destinados apenas para estudantes reforça a ideia de transição para um festival destinado a toda a comunidade e não apenas ao ambiente acadêmico.

José Moreira, estudante universitário da ESMAD, ao JUP, afirma:

“A queima agora parece mesmo um festival”.

Destacamos que no Iberian Festival Awards 2023, organizado pela APORFETS (Associação Portuguesa dos Festivais de Música), a Queima das Fitas do Porto foi candidata na categoria de Melhor Festival Académico & Jovem, que entende ser, a justificação para mudanças na organização, a cargo da FAP – Federação Académica do Porto.  Com o cenário do parque da cidade do Porto e os novos sistemas, parece que já entramos na época dos festivais de verão”, completou. Mais estudantes da academia presentes no evento compararam esta edição a festivais nacionais e até mesmo internacionais.  

 

Principais mudanças

A caminho da era digital, a organização da Queima das Fitas apostou em bilhetes tecnológicos e sistemas de cashless. Inicialmente, para entrar no recinto era preciso trocar o bilhete por uma pulseira, necessária para efetuar os pagamentos, através do carregamento com saldo, seja por  cartão de crédito ou débito, MB Way ou dinheiro. Ao longo da semana, devido às queixas e falhas do funcionamento, a FAP anunciou que o sistema passou a ser híbrido: possibilidade de pagar com pulseira ou dinheiro. A fase de reembolso do saldo da pulseira já terminou

As opiniões dividem-se em relação à implementação das pulseiras. Em conversa com o JUP, Lara Castro, estudante de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras, considera que “facilitou imenso o pagamento e não foi preciso andar com o cartão de crédito nem moedas (…) negociei na mesma”. Já Laís Vasconcelos, também estudante da Faculdade de Letras, afirma que achava boa ideia, “mas com outra organização, eventos grandes sempre usam isto (pulseiras)”. Neste sentido, disse mesmo que era “desnecessário andar três semanas antes do evento acontecer com a pulseira só para ter de evitar filas”. 

A intransmissibilidade da pulseira, impossibilidade de levantamento por terceiros, falhas do sistema de cashless e desconforto da pulseira foram algumas das queixas apontadas pelos estudantes universitários ao JUP. Por outro lado, a FAP mostrou maior preocupação ambiental, através do projeto piloto “Não dês barraca, recicla”. A iniciativa surgiu a partir do Pacto da Queima das Fitas do Porto para o clima, levado a cabo nesta edição, em parceria com o Porto Ambiente que já anunciou que conseguiu recolher mais de 17 toneladas de vídeos e ter dado início  à reciclagem de 68% dos resíduos recolhidos. Cada barraquinha era, neste âmbito,  convidada a depositar os seus resíduos na barraca criada para o efeito sustentável. Além disso, com quase todas as noites esgotadas, os esforços da FAP foram redobrados para que tudo corresse bem. Em edições passadas, o Ponto Lilás serviu para atuar em casos de violência sexual,contudo, este ano, o espaço foi renovado para um contentor “Abrigo(-te)” para prestar serviços de apoio psicológicos alargados.

Nesta edição, no queimódromo, vários estudantes voluntários vestiram coletes de diferentes cores e propósitos: laranja (apoio de segurança), amarelo (apoio clínico) e azul (apoio técnico) – para prestarem cuidados básicos, psicológicos e técnicos, trabalhando em conjunto com os Bombeiros Voluntários do Porto para a segurança dos presentes. Esta edição da Queima das Fitas ficou marcada pela inovação , com mais de 50 concertos e diversidade de artistas, mas também pelo ambiente festivaleiro. A organização mostra-se otimista, apesar das queixas, e a Queima das Fitas do Porto deverá regressar em maio do próximo ano, com mais novidades.  

Artigo por Nádia Neto

Revisão por Carina Seabra

Fotografia de destaque por Ana Leonor Quinta