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Opinião

25 de abril: 49 anos de luta

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Não há português que não saiba o que é o 25 de abril. Ou pelo menos pensa que sabe.

Atrevo-me a dizer que esta foi a maior revolução nos quase 900 anos de história do nosso país, revolucionando – em apenas 24 horas – a forma como encaramos e como enfrentamos o mundo. O 25 de abril foi um ato de libertação sem precedentes, marcado pelo patriotismo e a vontade de viver sem barreiras. Com a Revolução dos Cravos iniciou-se em Portugal um longo processo de democratização, devolvendo ao povo aquilo que lhe pertence: a liberdade e o poder.

Em 2022 iniciaram-se as celebrações dos 50 anos do 25 de abril, que se assinalará em 2024. Quase meio século depois, assumimos a democracia como algo garantido e afastamos com toda a certeza qualquer possibilidade da sua extinção. Ao mesmo tempo, assistimos ao crescimento de movimentos políticos que colocam em causa os valores de abril. Movimentos estes que ameaçam os direitos básicos do ser humano e servem ideologias que representam um perigo real para a democracia.

Foi com “Grândola Vila Morena“, do cantor José Afonso, que se davam os primeiros, mas incertos, passos para aquilo que quase ninguém pensou que viria a revolucionar Portugal. Os primeiros quatro versos desta magnífica canção ilustram o propósito do 25 de abril, acompanhados pelo arrepiante, mas sólido, marchar dos militares.

“Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade”

A cada ano que passa vai esbatendo na nossa memória coletiva este acontecimento, sendo cada vez menos os que viveram os sons e os cheiros a liberdade acabada de chegar nas pontas das espingardas forradas a cravos vermelhos. Já são muitas as gerações que sempre viveram em liberdade e que cada vez mais menosprezam a sua importância, numa época em que se assiste cada vez mais a ameaças à liberdade, como a situação atual na Ucrânia.

A 25 de abril de 1974 começava uma longa caminhada para a recuperação de Portugal enquanto país livre, enfrentando e combatendo a pobreza e levando-o às bocas do mundo. Antes, a censura ameaçava nobres profissões e artes, impossibilitando a liberdade de expressão, um dos pilares base para o desenvolvimento de uma sociedade democrática, em que todos têm o direito a fazer-se ouvir e ser ouvidos.

Foi o 25 de abril que restituiu aos portugueses o direito de viver sem medo, de falar sem medo e, sobretudo, a liberdade de discursar sem medo. É importante celebrar abril. É importante que não deixemos morrer a importância deste dia histórico e que não deixemos murchar o Cravo que abril floriu.

Por esta terra de fraternidade e pela Liberdade, sempre.

Artigo da autoria de Miguel Rocha Pinto