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Política

CORRENTES POLÍTICAS: ANARQUISMO INDIVIDUALISTA

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O anarquismo individualista refere-se ao conjunto de correntes socialistas que defendem o direito da emancipação do Homem, enquanto indivíduo, de todas as forças coercivas que lhe são externas, desde agentes económicos, estado, religião ou até comunidades de pessoas.

Segundo Émile Armand, esta corrente assume “a propriedade privada dos meios de produção e a livre disposição dos seus produtos como uma garantia essencial da autonomia individual”. Esta propriedade deve “limitar-se à terra ou às máquinas indispensáveis ao atendimento das necessidades da unidade social (indivíduo, casal, grupo familiar, etc)”.

Tal como os anarquistas sociais, estes opõem-se à exploração do trabalho do homem, desejando ver os frutos deste trabalho entregues apenas aos trabalhadores. Nas palavras de Benjamin Tucker, um dos mais importantes teóricos deste movimento, “o usurário”, ou seja, “o receptor de juros, de rendas e de lucros” não deveria existir. O trabalho “asseguraria o seu salário natural, que é a totalidade da produção”.

Vigorosos anticapitalistas, apesar de defensores do mercado livre, os anarcoindividualistas opõem-se ao monopólio da terra, característico do capitalismo, que transforma a terra numa commodity e “permite a um grupo lucrar através da sua relação com a produção, sem gastar tempo de trabalho”. [J.K Ingalls]

Assim, propõem assim um método de “ocupação e uso”, que permite aos inquilinos o não pagamento de renda e impede os senhorios de tomarem conta de uma propriedade à qual não dão uso direto. Esta postura é uma completa rejeição do sistema capitalista de direitos sobre a propriedade.

Em resumo, “os anarquistas individualistas esperam alcançar o socialismo pela remoção dos obstáculos à liberdade individual dentro do domínio económico”. [Frank H. Brooks]

Max Stirner é uma peça importante na separação do individualismo dos restantes movimentos socialistas. Filósofo responsável pelo Egoísmo (a compreensão de que todas as ações do individuo são influenciadas pelos seus próprios interesses), foi um forte crítico dos projetos de organização social em que o indivíduo era apenas uma parte de um todo, abominando a subordinação da unidade à vontade do todo. Apesar disto defendia aquilo a que chamava “União dos Egoístas”, uma organização temporária que devia ser “automaticamente dissolvida, logo que cumprida a sua finalidade” e que teria como responsabilidade “defender os interesses particulares dos seus membros”.

É possível analisar as ideologias anarcoindividualistas em três grupos separados: o mutualismo, o agorismo e o anarcocapitalismo.

O mutualismo (conhecido como primeiro anarquismo por ter sido desenvolvido por um dos seus primeiros teóricos, Pierre Proudhon) procura garantir igualdade de acesso aos meios de produção e à terra por parte dos indivíduos, promovendo ao mesmo tempo a competição entre produtores (segundo as leis do mercado). Ao mesmo tempo, assume a abolição de formas de exploração (como a renda) e promove a criação de um banco que servisse de alavanca à produção, através de empréstimos sem juros.

O agorismo, tal como o mutualismo, é defensor da economia de mercado não capitalista. No entanto, é uma ideologia revolucionária que promove a contra-economia, ou seja, todo o tipo de transações livres que são sancionadas pelo Estado. Estas transações no mercado-negro têm como objetivo minar o Estado de tal modo a que o homem se possa erguer livre.

O anarcocapitalismo é para muitos (anarquistas sociais e individualistas também) um contrassenso, pois o capitalismo em si é antissocialista. Apesar de defender a eliminação do Estado, é defensor do mercado livre, do salariato e dos diversos meios de exploração da propriedade (rendas, empréstimos com juro, entre outros). É criticado por ser promotor da desigualdade e da exploração do homem pelo homem, através da criação de monopólios, repressão do movimento operário, entre outros efeitos da desigualdade na distribuição de rendimentos.