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Política

Rússia e Ucrânia: um confronto sem fim à vista

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Foto: ANATOLII STEPANOV/AFP

A tensão entre a Rússia e a Ucrânia aumentou, nas últimas semanas, em resultado da concentração de militares russos na fronteira do país vizinho.

Militares russos na fronteira

Os desentendimentos no leste da Europa têm sido frequentes desde que a Rússia tomou a Crimeia, em 2014. Os russos, já depois da queda da União Soviética, mostraram interesse em invadir a região, que se situa entre Kherson e Kuban.

As motivações concretizaram-se na sequência de uma onda de contestação na Ucrânia, que originou a queda do presidente ucraniano. Viktor Yushchenko, em 2013, procurou celebrar um acordo de livre comércio com a União Europeia, mas, pressionado por Moscovo, a sua materialização não avançou, o que gerou uma vaga de insatisfação no país.

Anos depois, a Ucrânia mostra-se, novamente, preocupada com a chegada de militares russos à zona fronteiriça. Esta ação provocou uma onda de reações na comunidade internacional.

Apoio internacional à Ucrânia

Os EUA, que também se encontram com alguns problemas diplomáticos com a Rússia, mostraram-se ao lado dos ucranianos. O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, considera que é importante ter atenção à “escalada russa” e às agressões.

“A nossa preocupação é a escalada russa e as agressões ocorridas no leste da Ucrânia. É claro que qualquer tentativa por parte da Federação Russa no sentido de intimidar os vizinhos e nossos parceiros é motivo de preocupação, a Ucrânia faz parte deste grupo.”

Também a União Europeia se mostrou apreensiva com o aumento da tensão entre os dois países, que considera estar relacionada com o estado de saúde em que se encontra o opositor ucraniano, Alexei Navalny.

“A situação na fronteira ucraniana, com a mobilização de forças da Rússia, (…) é muito perigosa, e apelamos à Rússia para que retire as suas tropas.”

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou que convidou o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, para participar na reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE. Na reunião do Conselho, discutiram-se a expulsão de 20 diplomatas checos da Rússia, o estado de saúde de Navalny e as tensões na fronteira.

A resposta russa

Moscovo afirma não entender a preocupação e aconselhou a Ucrânia, bem como a NATO e outras entidades ocidentais, a não se envolverem nesta questão. A Rússia disse ainda que, no interior do território russo, pode movimentar, livremente, as suas tropas.

O cessar-fogo, que fora assinado em julho de 2020, está a ser prejudicado por estes desentendimentos.

Os EUA ameaçaram aplicar sanções mais severas, caso Moscovo não respondesse aos pedidos de retirada das forças militares. A Rússia, em contrapartida, reforçou a frota de guerra no Mar Negro.

No final de abril, o ministro da Defesa russo, Serguei Choigu, declarou a retiradas das tropas.

“As tropas demonstraram a sua capacidade em assegurar uma defesa fiável do país. Assim, decidi terminar as atividades de inspeção nos distritos militares do sul e do oeste.”

O presidente ucraniano mostrou-se satisfeito, afirmando no Twitter que “a redução de tropas na nossa fronteira conduz a uma redução proporcional da tensão”. Para Zelensky, qualquer decisão tomada é boa, desde que permita uma redução da presença militar.

No entanto, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa e a Ucrânia consideram que a tensão não diminuiu.

“Não vejo que essa retirada tenha melhorado a situação. Apenas reduziu o risco de uma expansão da guerra”, afirmou uma fonte da presidência ucraniana.

Qual o futuro para a Ucrânia?

Segundo a ONU, cerca de 14 mil pessoas perderam a vida nos confrontos entre a Ucrânia e a Rússia, desde 2014.

Porém, os ucranianos debatem-se com um novo problema. Moscovo disse que vai limitar a passagem de navios de guerras estrangeiros na área russa do Mar Negro entre 24 de abril e 31 de outubro. Além disso, a Rússia admite uma intervenção para proteger os russos separatistas, que vivem em território ucraniano.

Artigo da autoria de Inês Pereira. Revisto por Marco Matos e José Milheiro