Desporto
A LIGA DOS CAMPEÕES DE BASKET EM CADEIRA DE RODAS NA TV
Sem querer bater gratuitamente no ceguinho, há uns dias tropecei, na minha página de facebook, num post sobre basquetebol em cadeira de rodas (BCR) que redirecionava para o site da TVE, a televisão pública espanhola. É apanágio de Espanha o gosto eclético e plural por desporto a ponto de não se fazer essa segregação obscena nos jornais desportivos entre futebol e modalidades.
Se calhar, conjeturo, a afirmação do país enquanto potência desportiva mundial estará vagamente relacionada com a projeção mediática de todas as modalidades (sim, futebol aqui incluído, mas apenas por conveniência linguística…). Percebi que estava num país diferente quando liguei a televisão e o TDP – teledeporte -, canal temático pertencente à TVE, transmitia a supertaça de pólo aquático feminino.
Ainda assim, porque prefiro manter os pés bem assentes na terra, – e já dizia o poeta: “Sábio é quem monotoniza a existência, pois então cada pequeno incidente tem um privilégio de maravilha” -, fiquei embevecido por me deparar, no referido link, com um programa de 20 minutos, em jeito de compêndio, dedicado à Liga dos Campeões de basquetebol em cadeira de rodas, realizada em Madrid. Sendo certo que a localização da competição terá contribuído para uma inflação da cobertura mediática, que com outro país anfitrião não seria tão expressiva, aos olhos de um português tal não passa de uma mentalização quimérica. O pasmo foi maior pelo facto de o narrador, em momento algum, cair na descrição do atleta herói/vítima, tema que abordei numa outra crónica, ou revelar descuido na hora de relatar as incidências dos encontros; duas nuances que me conquistaram de imediato.
Consciente de que Portugal não vive uma situação de desafogo financeiro, que lhe permita “roubar” do erário público uma verba para a constituição de um canal vocacionado para o desporto, talvez fosse de bom tom a única estação privada com esse perfil, a Sport TV, assumir a missão. Até porque, percorrendo a sua programação, que contempla nos últimos dias resumos de jogos do Torneio de Toulon, transmitidos meras horas antes em direto pelo próprio canal, ou uma extensão centrada no golfe, convenhamos que ao desporto adaptado podia, e devia, ser concedido tempo de antena. Até lá a Sport TV perderá um verdadeiro aficionado do desporto.
David Guimarães
31 Mai 2014 at 2:19
Caro Pedro Bártolo,
No nosso país não somos adeptos de desporto, mas sim, do espectáculo desportivo mediatizado. Quero com isto dizer que, as pessoas assistem, por exemplo em Espanha, a vários desportos, porque amam praticá-los. Aqui em Portugal não se faz desporto, mesmo o futebol tem muito pouca expressão em termos de atletas federados. Devo referir que apenas estamos à frente da Grécia em número de atletas federados. Vivemos num país, como gosto de chamar, de adeptos de “sofá” ou de “café”, uma espécie de “actividade física sedentária.”. Temos 3 jornais desportivos, uma realidade única na Europa, onde 90% do espaço é dedicado a futebol, no entanto temos das piores taxas de ocupação dos estádios no velho continente.
Se nem os outros desportos têm espaço nos media, as modalidades paralímpicas terão ainda mais dificuldade.
Pedro Bártolo, pelo menos no JUP o basquetebol em cadeira de rodas têm mais espaço que outros desportos! Já é um começo!
Um abraço!