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Desporto

Hóquei em Patins: Até que enfim! FC Porto “abafa” AD Valongo e reconquista Liga Europeia 33 anos depois

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A 50 minutos da tão ansiada glória europeia, os “azuis e brancos” procuravam recuperar o troféu que escapava desde a época de 1989/1990, altura em que bateram o AA Noia (Ateneo Agrario de Noia, atualmente, Club Esportiu Noia – CE Noia), por 11-2 no agregado, quando as finais eram ainda disputadas a duas mãos. Pelo caminho estava o AD Valongo (Associação Desportiva de Valongo), que se havia estreado na época transata em finais nesta competição, quando caíram nas grandes penalidades frente ao GSH Trissino (Gruppo Sportivo Hockey Trissino), e que chegou à final com mérito, deixando pelo caminho nomes como o Sporting CP (Sporting Clube de Portugal) ou a UD Oliveirense (União Desportiva Oliveirense).

Primeira parte dividida sorriu aos dragões

As expectativas eram altas e ambos os clubes demonstraram desde cedo para o que vinham. O primeiro a abrir as hostilidades foi Gonçalo Alves, mas o avançado luso viu o jovem Xano Edo responder com uma defesa sólida para longe das imediações da baliza. Segundos depois, e após perda de Rafa em fase de construção, Facundo Bridge fez o Pavilhão Municipal José Natário levar as mãos à cabeça com um remate que beijou a parte superior da barra, depois de Xavi Malián ainda desviar o esférico.

As oportunidades acumulavam-se para ambos os lados e aos dois minutos e 40 segundos, Facundo Bridge voltou a testar o número um portista, que respondeu à altura. Do lado dos “azuis e brancos”, também Gonçalo Alves ia sondando as malhas contrárias, sobretudo de meia distância, sempre com a mira posta na baliza defendida por Xano Edo.

O AD Valongo mostrava-se ambicioso no encontro, mas a conta da avidez foi cara e chegou aos sete minutos e 15 segundos. Em situação de três para dois, o FC Porto aproveitou os espaços concedidos no bloco adversário e Carlo di Benedetto só de teve de contemporizar e escolher quem haveria de assistir, tendo optado por Rafa, ex-campeão nacional pelos valonguenses, que picou com a classe e veemência de quem já só se imaginava com o “caneco” na mão. 1-0 no marcador para os dragões.

Certo é que os pupilos de Edo Bosch não baixaram os braços e lançaram-se como flechas para o ataque. Aos dez minutos, Diogo Abreu arrancou sozinho contra o mundo, mas só um homem teve o poder de o travar, ou não se chamasse Xavi Malián. Um aviso não foi, contudo, suficiente e Miguel Moura chegou mesmo a introduzir a bola na baliza, mas só depois de ter cometido falta atacante.

Os dragões voltaram a dar um ar da sua graça um minuto depois, quando uma finalização aparentemente inofensiva de Xavi Barroso ganhou novos contornos após parada para a frente de Xano Edo, que permitiu a recarga de Reinaldo García. Este, no entanto, atirou por cima.

Mas quando parecia que os portistas tinham retomado as rédeas do encontro, eis que a crença dos valonguenses foi recompensada. Miguel Moura, vindo do nada, viu o espaço que mais ninguém viu entre a floresta de pernas de jogadores que rodeavam a baliza e atirou a contar no buraco da agulha. Golpe de vista fantástico e execução ainda melhor para repor a igualdade e relançar a partida (1-1).

Ainda assim, após o tento do AD Valongo, os “azuis e brancos” cresceram, sendo que os avançados Carlo di Benedetto e Gonçalo Alves não passaram longe do alvo, tendo ainda assistido um golo anulado de Xavi Barroso, após o espanhol desviar um disparo do número 77 para dentro. O toque foi com o patim, mas o recado ficou dado.

No entanto, aquilo para que ninguém estava preparado foi a bomba que Carlo di Benedetto detonou a sete minutos e 25 segundos do fim do primeiro tempo. A defesa dos valonguenses cedeu demasiado espaço à estaca francesa, que saiu da terra para atirar de forma certeira para o fundo das malhas. Estava devolvida a vantagem portista, 2-1 assinalava o resultado.

E se a situação já estava difícil para a tenra formação de Valongo, pior ficou quando, a pouco menos de cinco minutos do intervalo, Facundo Navarro cometeu falta sobre Reinaldo García. O campeão do mundo foi admoestado com cartão azul e, na conversão do livre direto, Gonçalo Alves premiu o gatilho e a sua bala só parou lá dentro, apesar de o ferro não ter ficado isento de uma bela pancada. 3-1 no placar e o FC Porto cada vez mais no controlo das operações.

Nos últimos cartuchos dos primeiros 25 minutos, Diogo Abreu e Gonçalo Alves bem que tentaram dar sequência ao que mais parecia um tiroteio, tal era a violência que imprimiam no esférico. Nessa altura, porém, valeu a bravura de ambos os keepers, que estancaram as redes de ambos os lados. Soado o apito para o final da primeira parte, as equipas recolheram ao balneário com os dragões na frente do marcador (3-1).

Hálito flamejante de quem sabe beber sem se enfrascar

O segundo tempo até poderia ter começado de forma bem distinta quando, logo ao quarto minuto de jogo, Facundo Navarro acertou em cheio na trave da baliza portista. No entanto, o hóquei é um jogo de margens, e os centímetros que separaram o argentino do golo que aproximaria os valonguenses do empate foram os mesmos que Carlo di Benedetto avistou a descoberto quando, para surpresa de todos, simulou para a esquerda e armou o remate que se viria a revelar letal para o exército de Edo Bosch. Os dragões cavavam assim uma diferença de três golos, e a reviravolta parecia cada vez mais uma miragem (4-1).

Perante um AD Valongo vindo de três encontros no mesmo número de dias e com o cansaço a começar a levar a melhor, os dragões limitaram-se a gerir a vantagem e a conceder a iniciativa ao adversário, que nunca se mostrou fresco para ripostar com qualidade. Só já a pouco menos de oito minutos do fim é que os valonguenses voltaram a dispor de uma ocasião clamorosa, após falta pouco esclarecedora de Carlo di Benedetto sobre Facundo Bridge dentro da área. Nomeado para converter o penálti, o campeão mundial atirou duas vezes para defesa de Xavi Malián, que exibiu um sorriso de orelha a orelha para as bancadas como que em resposta à infração assinalada pelo árbitro.

Rapidamente os dragões cresceram aquando da falência física do AD Valongo e Gonçalo Alves ficou perto de assinar um bis, mas viu a sua iniciativa esbarrar no poste. 60 segundos depois, Telmo Pinto viu-se sozinho com Xano Edo pela frente, mas não conseguiu enganar o muro português. À passagem do minuto 45, os “azuis e brancos” ainda beneficiaram de uma bola parada fruto de falta de Rafael Bessa sobre o internacional português, mas Gonçalo Alves, que replicou de forma quase idêntica a primeira falta por si cobrada, desta feita viu a trave a resistir ao estímulo de desviar a “redondinha” para o fundo das redes, e o resultado manteve-se inalterado.

Já com o encontro praticamente sentenciado, Xavi Barroso colocou um ponto final a um minuto e 39 segundos do fim, aproveitando a assistência a régua e esquadro de Rafa. Mais um golo com nota artística e mais uma machadada na pouca esperança que restava dos valonguenses, que, ainda assim, não se despediram sem antes enviar uma bola ao ferro. 5-1 foi o resultado final de uma tarde de festa para aquele que é o mais titulado clube português na modalidade.

Em declarações no final do encontro, Edo Bosch, técnico do AD Valongo, começou por dar os parabéns ao FC Porto e admitiu que se notou o cansaço da sua equipa. Apesar disso, o treinador enalteceu a grande caminhada dos seus jogadores, “digna de campeões”. Em jeito de conclusão, afirmou estar certo de que a sua equipa vai “ganhar muitas coisas, porque são autênticos campeões”.

Do lado dos dragões, o timoneiro Ricardo Ares falou em “sonho tornado realidade”, afirmando que uma das coisas que o fez vir para o FC Porto foi ter a oportunidade de poder “disputar e ganhar esta competição”. O líder da equipa portista falou em “primeira parte disputada”, sendo que depois destacou a capacidade da sua equipa para gerir a vantagem, prometendo ainda lutar pelo que falta jogar na competição que resta, ou seja, o Campeonato Nacional.

Por último, Gonçalo Alves, matador “azul e branco” e internacional pela equipa das quinas salientou o sabor de ganhar a Liga dos Campeões e, quando questionado sobre o que lhe passou na cabeça aquando do penálti, atirou que só pensou em “fazer golo”.

Com este triunfo, o FC Porto perfaz uma caminhada histórica na competição, em que já havia vencido o SL Benfica (Sport Lisboa e Benfica) e o FC Barcelona (Fútbol Club Barcelona), sucedendo ao GSH Trissino e igualando o Sporting CP em número de vezes que conquistou o troféu (três), sendo que Portugal soma agora nove vitórias na WSE Champions League, tendo em conta as conquistas de SL Benfica, por duas vezes, e OC Barcelos (Óquei Clube de Barcelos), por uma ocasião.

Artigo da autoria de João Pedro Gomes