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Desporto

PORTUGAL NO MUNDIAL 2014: O QUE CORREU MAL

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Francisco Perez

Francisco Perez

A aventura portuguesa no Brasil terminou prematuramente num grupo em que nada o fazia prever. Não foi ” O ano de Portugal”. Agora, que a comitiva regressa a casa, é tempo de refletir sobre o insucesso lusitano.

É inevitável não abordar a questão dos 23 escolhidos. Em todas as convocatórias há jogadores que os adeptos não compreendem a sua presença e outros cuja ausência não se entende. Paulo Bento privilegiou em demasia a polivalência. A seleção mais velha do Campeonato do Mundo (média de 28,2 anos) não teve alternativas diretas aos laterais João Pereira e Fábio Coentrão, levando André Almeida, Ricardo Costa e ainda incluindo as possibilidades de Miguel Veloso e Rúben Amorim poderem jogar nessas posições. Onde estava Antunes? Nenhum destes é defesa direito/esquerdo, e saiu cara essa teimosia quando o jogador do Real Madrid se lesionou, um problema recorrente desde o início, que também afastou Hugo Almeida ,Hélder Postiga, André Almeida e os guarda-redes Rui Patrício e Beto. Por esta lógica, mais valia levar apenas um ponta-de-lança, já que Ronaldo pode atuar no corredor central. Amado por uns, odiado por outros, Ricardo Quaresma teria lugar nesta equipa, demonstrando em meio ano ao serviço do Futebol Clube do Porto que tinha qualidade para vestir a camisola. Se fosse pelo seu temperamento explosivo, João Pereira por insultar os adversários e Pepe pela bárbara agressão a Casquero não iam ao Brasil.

Após o jogo com a Grécia, Portugal rumou aos Estados Unidos para um pequeno estágio, onde teve dois jogos de preparação, que na minha opinião, foram completamente inúteis. Como se não bastasse o desgaste físico acumulado com as deslocações entre as cidades brasileiras, uma viagem desta dimensão é cansativa, situação a que a Alemanha, os EUA e o Gana fugiram. No total foram percorridos 16 637 km. Para dar uma alegria aos emigrantes é aceitável mas para ganhar dinheiro não se admite. Foi uma temporada desgastante para os eleitos, a seleção deveria ter rumado logo às Terras de Vera Cruz para preparar o campeonato.

Só os mais otimistas acreditavam numa vitória frente à Mannschaft, ou pelo menos num empate. Perder por 1, ou até mesmo por 4-0 diante dos  alemães poderia não ser humilhante se houvesse vontade, entrega ao jogo e não estivesse reduzida a 10 devido a um lance ridículo entre Pepe e Thomas Müller, no qual o central, novamente, não soube gerir as suas emoções. A partir daí, Portugal desapareceu completamente do jogo e limitou-se a ver o adversário jogar.

Com a seleção teoricamente mais fraca do Grupo G, era nossa obrigação ganhar, e apenas nos descontos estendemos as esperanças até a última jornada. A vencer por 1-0 logo aos 5 minutos, os jogadores deveriam ter procurado imediatamente o segundo golo, de modo a arrumar com a questão. O encontro era absolutamente crucial.  Mesmo após a derrota com os germânicos, vencendo esta partida teríamos dado um grande passo rumo aos oitavos-de-final. Tudo poderia ser diferente. Contudo, no futebol não existem “ses”.

Vontade não faltou frente aos ganeses. Embora fosse difícil marcar 4 golos aos africanos, em Brasília Portugal foi determinado, mais assertivo no seu jogo ligando melhor o meio-campo ao ataque com a presença de William Carvalho e Rúben Amorim, algo que não esteve presente até então. Em Salvador e Manaus não se viu disto. O 2-1 foi insuficiente, mas não merecia mais.

O desporto rei é um jogo coletivo. Antigamente, Pelé, Maradona, Cruijff, entre outros, levavam seleções ao colo, o que no futebol moderno não pode ser tão evidente, como observamos na Argentina com Messi ou no Brasil com Neymar. Equipas como a Holanda e a Alemanha apresentam um leque vasto de opções, não havendo um jogador que, imediatamente, digamos que possa ser a figura ou o elemento-chave. Isso faltou a Portugal. O Mundial mostrou a elevada dependência de Cristiano Ronaldo. É natural que se procure o melhor jogador do mundo para resolver os problemas, no entanto, deu-se demasiado destaque a CR7, ao ponto deste jogar ao lado do ponta-de-lança privilegiando o contra-ataque, ainda que de um modo diferente a que o capitão está acostumado no Real Madrid, ainda para mais sabendo das suas limitações físicas após o final da época transata.

Acabou o sonho, e não se escreveu uma epopeia como todos desejávamos. Não interessa como começa e sim como acaba. Mas não neste caso.

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