NO CAMINHO CERTO

Carlos Martins

A Selecção portuguesa fez o que lhe competia e venceu a Sérvia por 2-1. A exibição foi pobre, mas o principal objectivo foi alcançado: conquistar os três pontos e colocar Portugal no primeiro lugar do grupo de apuramento para a fase final do Euro 2016, a realizar em França.

Num jogo muito equilibrado, os jogadores portugueses colocaram pouca intensidade no jogo e raramente aceleraram o ritmo da partida. Mesmo estando a jogar em casa, Portugal não teve o domínio completo do jogo, talvez mais por incapacidade do que por estratégia pré-definida.

Ainda assim, a vitória acaba por ser justa, porque a Selecção Nacional foi eficaz e soube aproveitar melhor as oportunidades de golo do que o seu adversário. Os golos de Portugal apareceram em momentos-chave da partida: o primeiro logo no início do jogo, por Ricardo Carvalho (10’), e o segundo por Fábio Coentrão (63’), em resposta ao golo de Matic (61’).

Perante um Estádio da Luz quase cheio, Portugal mostrou mais iniciativa de jogo nos primeiros minutos. A nossa Selecção jogou em 4x4x2, um esquema que nem sempre funcionou pois, sem ponta de lança, notou-se a falta de uma referência no centro do ataque. No meio campo jogaram Tiago, João Moutinho, Coentrão e Nani; o ataque ficou entregue a Cristiano Ronaldo e Danny.

O 1-0 apareceu aos 11 minutos, num cabeceamento de Ricardo Carvalho, após cruzamento de Fábio Coentrão. O defesa central acabou, no entanto, por se lesionar logo a seguir ao golo e teve que ser substituído por José Fonte.

A Sérvia procurou responder ao golo e assumiu o controlo da partida. Tadic teve dois remates perigosos, mas ao lado da baliza de Rui Patrício.

Portugal mostrou-se mais na expectativa e aceitou o domínio sérvio. O capitão Cristiano Ronaldo deu um ar da sua graça em apenas dois minutos: primeiro num espantoso remate de fora da área (aos 29’) e, depois, numa incursão perigosa pela grande-área sérvia (aos 30’). Foram as únicas aparições de CR7 em todo o jogo.

Ao intervalo, a vantagem portuguesa no marcador era justa. A segunda parte mostrou mais do mesmo: Portugal a controlar o ritmo de jogo e a esperar por uma oportunidade para sair em contra-ataque rápido. A vencer pela escassa margem de 1-0, a ideia era “gerir” o resultado.

Quanto à Sérvia, ia aos poucos, criando oportunidades de golo, mostrando-se cada vez mais perigosa. O primeiro aviso foi dado aos 53 minutos, num cabeceamento de Mitrovic. Pouco depois, apareceu o golo do empate: na sequência de um canto, Matic fez um grande golo, com um pontapé de moinho (aos 61’), num lance em que Eliseu demorou a subir e colocou o médio sérvio em jogo.

A Selecção Nacional reagiu de imediato e, passados dois minutos, fez o 2-1. Após uma recuperação de bola a meio-campo, João Moutinho recebeu a bola na direita e cruzou milimetricamente para o centro da área, onde Fábio Coentrão apenas teve que encostar para dentro da baliza. Simples e prático.

Até ao final, Portugal limitou-se a gerir o tempo de jogo e o resultado, mantendo o ritmo baixo. O meio-campo tornou-se mais coeso e a equipa não se desorganizou, nem “arriscou” no ataque. Quaresma e William foram lançados em campo, para os lugares de Fábio Coentrão e Danny.

A Selecção Nacional da “era” Fernando Santos tem sabido ser prática e objectiva. Estes jogos da fase de qualificação para o próximo Europeu de futebol são, acima de tudo, para vencer, e só depois, se for possível, jogar bem. As últimas partidas têm demonstrado isso mesmo: vitórias escassas (0-1 na Dinamarca, 1-0 contra a Arménia e 2-1 contra a Sérvia). A estratégia do seleccionador está, pois, a resultar em pleno. Estamos no caminho certo…

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