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Crónica

A NATUREZA FAZ-NOS PEQUENINOS

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A natureza faz-nos pequeninos, indefesos. Lembra-nos de que não podemos realmente grande coisa quando é ela que se impõe.

A força da água arrasta tudo. O fogo não nos deixa nada. Os ventos levam o que achávamos que estava preso. A terra desaba as fundações das nossas paredes e faz-nos desabar também a nós. Um homem a chorar, ajoelhado em frente aos escombros do que no dia anterior era a sua casa. Alguém que remove pedras à procura de um lugar que agora está desfigurado. Essas são imagens que nos deixam pequeninos.

A natureza consegue ser delicada como um pôr-do-sol ou um amanhecer. E consegue ser brutal, dar-nos um murro e deixar-nos inconscientes. Perguntarmos o que é que aconteceu, como, onde estamos, e porquê. Mas ela não tem regras. Depois de um turbilhão de imagens, sons, palavras, gritos, lágrimas, não há nada. E aí é quando percebemos o quão pequenos podemos ser em relação a ela, quando os destroços escondem memórias, vivências, história e vidas.

Mas como Homens que somos aprendemos, evoluímos nas nossas práticas e tentamos prevenir. Às vezes conseguimos minimizar os danos, amortecemos a pancada, enfraquecemos a sua força e a sua imprevisibilidade.

Só nos esquecemos que ela nos conhece melhor do que nós a conhecemos a ela. E de repente, somos atingidos outra vez. Afinal, ela já cá estava quando nós chegámos. Foi-se revelando, sendo descoberta. Mas nunca domada, talvez apenas ajustada. Ajustamos ali e fazemos um prédio, mais um bocadinho ali e aparece uma estrada. Mais um pouco e temos shoppings, estádios, fábricas. Precisamos deles sim, disso ninguém dúvida. Sujamos o ar, a terra, o mar, desleixamo-nos no tratamento que damos ao lugar onde estamos.

Não é uma vingança quando nos mostra o seu pior lado, ela é só assim, maior do que eu e maior do que tu.

Podemos achar que fazemos o que queremos da natureza, mas é ela que faz o que quer de nós.