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Política

NAGORNO-KARABAKH: A HISTÓRIA DE UM CONFLITO

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É preciso recuar no tempo até ao despontar do século XX para encontrar as origens deste conflito: foi no ano de 1918, no rescaldo da Revolução Russa, que o confronto entre a Arménia e o Azerbaijão teve início. A desintegração do Império Russo precipitou a declaração de independência destes dois países, que iniciaram uma disputa territorial. Entre as províncias disputadas, incluía-se a de Karabakh.

Sob o controlo soviético

No ano de 1920, o Exército Vermelho tomou o controlo quer do Azerbaijão quer da Arménia, iniciando assim o processo de sovietização destes territórios e interrompendo-se o conflito. No entanto, em 1923, foi entregue à recém-formada República Soviética do Azerbaijão o controlo da província de Nagorno-Karabakh, cuja população era na sua esmagadora maioria de etnia arménia.

A mão de ferro da União Soviética impediu que ao longo de mais de 60 anos houvesse fricções de maior entre azeris e arménios. Mas o conjunto de políticas que ficaram conhecidas como perestroika (reenstruturação económica) e glasnost (aumento da transparência do governo e da liberdade de expressão) introduzidas pelo presidente Gorbachev, no fim dos anos 80, foram responsáveis por um clima de instabilidade, que deu ímpeto a movimentos nacionalistas e a conflitos étnicos.

O Cáucaso não passou ao lado desta instabilidade. Em 1988, o parlamento da região autónoma de Nagorno-Karabakh deu voto favorável à integração do território na Arménia, dando, novamente, início à colisão azeris e arménios. O colapso da União Soviética e a declaração de independência unilateral de Nagorno-Karabakh levaram à escalada do conflito.

Por ação do governo russo, foi assinado, em 1994, o cessar-fogo, tendo os separatistas arménios mantido o controlo da região. Os seis anos de conflito provocaram entre 20 mil a 30 mil mortos, bem como dezenas de milhares de deslocados.

As consequências e o presente

Antes da guerra, cerca de 25 % da população era de etnia azeri. No pós-guerra, 95 % da população de Nagorno-Karabakh é de etnia arménia, sendo que os restantes 5 % são minorias de países vizinhos.

Desde 1992 que existe um grupo de trabalho no seio da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), conhecido como Grupo de Minsk, encarregue de procurar uma solução de paz entre os dois países.

A partir de 2014, houve diversas quebras do cessar fogo. Em abril deste ano, os confrontos provocaram mais de 60 mortos (militares de ambos os lados e civis).

Apesar de ser apoiado pela Arménia, mas também pelo Irão e Rússia, Nagorno-Karabakh é apenas reconhecido como estado pela Abecásia, Ossétia do Sul e pela Transnítria. Nenhum destes é reconhecido como estado pela ONU, tendo todos eles conflitos em curso.