Connect with us

Cultura

Las Palmas: O Quarteto Fantástico da Arte Contemporânea

Published

on

Las Palmas é um projeto que foi fundado em 2017 por quatro jovens que rápido compreenderam que discordando, potenciavam a evolução artística de cada um. Hoje, quatro anos volvidos, assumem uma maior plasticidade no pensamento em virtude de se terem predisposto a escutarem-se, a questionarem-se e a ver o real através do óculo de cada qual.

Desengane-se quem crê que esta é uma exposição onde se cunha uma única identidade refletora da linguagem dos Las Palmas. Pelo contrário, temos um salão repleto de obras de artistas nacionais e internacionais que o grupo convidou para festejar a cultura sob vários espetros, contudo, o entendimento nunca foi comprometido já que a arte é a linguagem universal que nos chama pelo mesmo nome.

Quatro jovens, múltiplas referências, um sonho comum. Palmas para Las Palmas!

Ao entrarmos pela porta principal da Culturgest, deparamo-nos de imediato com um santuário no centro da sala tingido a cor-de-rosa choque onde pairam, poisam e são incorporadas múltiplas peças que nos contam várias versões da realidade (ou da falta dela). É uma obra ora majestosa e divina, ora emanadora de pirraça, conceitos subvertidos e ironia. Lado a lado coabitam o transcendente e o ridículo. Tudo a que prestamos devoção é questionável e ao sê-lo, a divindade é desconstruída.

Em cada uma das faces da sala geométrica e calculadamente construída para que se possa ver tudo em qualquer ponto do espaço, há um conjunto de obras que caracterizam um ambiente próprio concebido por cada artista.

Numa delas, é possível mergulhar num universo lamacento onde se observa um vídeo em que alguém tenta fazer a bola de gelado perfeita tendo como matéria-prima  terra molhada; numa outra, encontra-se exposto um quadro de vivas cores onde, entre outros elementos, é possível destacarmos um campo de futebol que nos inquieta e aguça a imaginação através de salpicos intencionados ( haverá apenas uma forma de representar um campo de futebol? A imagem pré-concebida que detenho, simples, desprovida de significado, será a única forma de vê-la? Um campo de futebol pode ser palco de emoções nostálgicas, sonhos e memórias em loop? Quantas formas há de ver o mesmo pedaço de terra?).

Fotografia: Renato Cruz Santos

Em cada canto do majestoso salão da Culturgest Porto sentimos que as peças não existem de forma harmónica, numa missão de se complementarem mas coexistem enquanto seres exóticos, uns em relação aos outros, que se cheiram e aceitam a sua presença para procederem a cruzamentos raros.

É isto que nos dão os Las Palmas em conjunto com Arno Beck, Carlota Bóia Neto, Catherine Telford-Keogh, Eduardo Fonseca e Silva, Francisca Valador, Guillermo Ros, Holly Hendry, Isabel Cordovil, Jason Dodge, José Taborda, Lea Managil, Line Lyhne, Lito Kattou, Maria Miguel von Hafe,  Primeira Desordem, Rowena Harris, Rui Castanho, Sara Graça e Stefan Klein, uma celebração da arte contemporânea onde se esbate a distância, o tempo, as visões e onde não se sabe onde inicia e termina a obra de cada um.

Os nomes dos criadores ali pouco importam, na exposição Epofenia  vivem-se narrativas a várias vozes sendo esta uma experiência imersiva onde os egos não encontram lugar.

A Cultugest recebe Epofenia, de Las Palmas, até ao dia 5 de Setembro, a entrada é livre e o horário é de quarta a domingo das 10 às 18 horas.

Pink is the new revolution!