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Política

Guia Político: O que esperar de 2021?

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Eleições Presidenciais

As eleições para Presidente da República realizam-se a 24 de janeiro. De acordo com a última sondagem, realizada pela Pitagórica, a pedido da TVI e do Observador, Marcelo Rebelo de Sousa e Marisa Matias veem os seus pontos percentuais descerem um pouco, enquanto João Ferreira, Tiago Mayan e Vitorino Silva veem as suas intenções de voto subirem.

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República e recandidato a Belém, apesar de ter perdido terreno nesta última semana, a sua vitória parece continuar garantida à primeira volta com 66,7% das intenções de voto. 

O segundo lugar continua a ser a maior incógnita. A candidata independente e ex-eurodeputada Ana Gomes registou uma queda nas intenções de voto na última semana, somando agora apenas 10,8%, descendo assim ao terceiro lugar. Ao invés, André Ventura, candidato do partido Chega, conta agora com 11 pontos percentuais, alcançando, assim, o segundo lugar. O líder do partido Chega deixou claro que a sua demissão aconteceria caso a ex-eurodeputada ficasse à frente dele. Face a estas últimas sondagens, esse cenário parece cada vez mais impossível de acontecer.  

Em queda está também Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, que na sondagem soma apenas 4,0% das intenções de voto dos portugueses. Logo atrás, surge João Ferreira, candidato pelo Partido Comunista Português, com 3,2% das intenções de voto, seguido por Tiago Mayan Gonçalves, candidato pela Iniciativa Liberal, com apenas 2,3%.

O confinamento geral decretado na passada quarta-feira, 13 de janeiro, impossibilita a campanha de rua tão aguardada pelos diferentes candidatos a Belém. Assim, os debates que aconteceram nos três canais generalistas revelaram-se a melhor forma de comunicação entre os candidatos e os eleitores. O primeiro lugar do pódio dos debates, quanto ao interesse junto dos eleitores, é atribuído ao debate entre Marcelo Rebelo de Sousa e André Ventura, tendo registado uma audiência de 2 milhões de espectadores. O segundo lugar é atribuído ao confronto entre Marisa Matias e André Ventura, tendo registado uma audiência de 1,7 milhões de espectadores. Em terceiro, surge o confronto entre o Presidente e Ana Gomes, com audiências um pouco abaixo de 1,7 milhões de espectadores

Com pouco tempo até ao dia das eleições, a corrida a Belém aqueceu com os vários debates, palco de discussões acesas quer sobre o futuro do país, quer sobre alguns erros apontados a Marcelo Rebelo de Sousa no seu mandato pelos seus concorrentes. 

Vacina COVID-19

2020 foi um ano atípico. A Covid-19 entrou nas vidas de pessoas no mundo inteiro sem bater à porta. O vírus Sars-Cov 2 revelou, desde cedo, a sua transversalidade, parando a economia mundial como nunca antes tinha sido visto, não distinguindo entre territórios ou nações, religiões ou hábitos, economias ou regimes. Tocou a todos. 

A vida mudou. Severas medidas foram impostas para combater a propagação da doença. A restrição à circulação de pessoas e o recolhimento obrigatório foram adotados um pouco por todo o mundo, motivando a adoção em massa do teletrabalho e do ensino à distância, confinando a vida pessoal e profissional de muita gente dentro de portas. 

As empresas, e a sociedade em geral, adaptaram-se. O mundo mudou a sua forma de viver para conseguir ultrapassar um inimigo comum. Não foi fácil. O ano de 2020 terminou com a grande esperança de uma vacina capaz de combater o vírus.   

É em situações peculiares e complicadas que observamos feitos incríveis. A vacina foi resultado da união, sem precedentes, dos mais conceituados cientistas e das mais prestigiadas farmacêuticas, na busca de uma cura para uma doença. 

Expressão do poder do ser humano e da sua capacidade, conseguiram, no final de 2020, não uma, mas várias vacinas. A humanidade desenvolveu uma cura em tempo record.

Se são vários os países que começaram o processo de vacinação ainda em dezembro, como Portugal, Inglaterra, ou os Estados Unidos, outros há, como a Holanda, que ainda se mostram um pouco céticos, alegando que a rapidez com que a vacina foi desenvolvida se poderia tornar num problema, apesar de todos os requisitos terem sido cumpridos e os estádios de desenvolvimento verificados. 

A vacinação de todos, começando pelos de maior risco, visa a busca da imunidade de grupo. Os especialistas alertam, no entanto, que a vacinação não constitui um passaporte para o desmazelo das medidas adotadas até agora. Os especiais cuidados de higiene e a contenção nos contatos interpessoais vão ter de perdurar durante algum tempo.

Economia 2021

2021 é um ano importante para se dar início à urgente recuperação global da economia. As previsões não são as mais animadoras, pois o choque provocado pela pandemia irá demorar a desaparecer. Christine Lagarde, líder do Banco Central Europeu, afirmou que a vacina permitirá ver a luz ao fundo do túnel.

A eficácia das vacinas contra a Covid-19 vai ser determinante para a retoma da confiança dos agentes económicos. A política económica dos Estados Unidos deverá abrir-se sob a Administração de Joe Biden, e a celebração do Acordo Bilateral de Investimento entre a Europa e a China, prometem contribuir para o relançamento da economia.  

O apoio anunciado pela Europa ainda não chegou, o que representa uma situação negativa para Portugal. O atraso só tornará o impacto da crise ainda maior. A OCDE apresentou as estimativas de evolução do PIB português: uma queda de 8,4% este ano e um crescimento de 1,7% em 2021 e de 1,9% em 2022. Significa isto que, no final de 2022, a economia portuguesa não terá, com base na OCDE, recuperado metade da queda de 2020. Esta situação é muito negativa, pois espelha que o desemprego vai continuar a aumentar no próximo ano.

A economia portuguesa depende muito dos seus maiores parceiros. Como a situação sanitária nesses países também é grave, a eficácia da vacina poderá ser determinante também para a economia portuguesa.

Brexit

A 1 de janeiro de 2020, o Reino Unido ficou oficialmente fora da União Europeia. Esta data assinala, por isso, o dia em que entrou em vigor o novo acordo de parceria entre a União Europeia e o Reino Unido. Apesar dos (poucos) entraves ao comércio, o acordo viabiliza a recuperação da soberania por parte do Reino Unido, tal como era pretendido pelos ingleses. 

A dificuldade em chegar a acordo não permitiu responder a muitas perguntas, pelo que é de esperar que as negociações não tenham ficado por aqui. O acordo, de forma geral, agradou a ambas as partes, mas o desfecho aproxima-se mais dos objetivos definidos por Bruxelas, do que dos do Reino Unido. 

No que diz respeito ao comércio, o acordo define que as trocas de bens estão isentas de tarifas aduaneiras desde que os produtos se encontrem em conformidade com as regras de origem. Por exemplo, bens provenientes do Reino Unido que apresentem na sua composição mais de 40% de materiais/compostos produzidos fora do seu território poderão estar expostos a taxas alfandegárias extra.

No que às trocas comerciais diz respeito, Bruxelas manteve o foco em não elevar os custos para as empresas, bem como na manutenção da igualdade entre agentes económicos e mercados, assunto que mereceu especial atenção.

Apesar de  alguns obstáculos, a solução final encontrada garante que ambas as partes irão seguir padrões idênticos a nível laboral, ambiental e fiscal. Neste tema, a única dificuldade que ainda tem de ser colmatada surge quanto à criação de mecanismos que assegurem o controlo e a aplicação de sanções, caso haja essa necessidade. 

A mobilidade para as pessoas, tal como pretendido pelo Reino Unido, passa a ter alguns entraves. Estadias superiores a 90 dias passam a necessitar de um visto, quer seja para estudar ou trabalhar. No que toca aos transportes, a conectividade entre a União Europeia e o Reino Unido continua garantida através dos mais variados meios, apresentando apenas alguns entraves para os camiões de longo curso. Estes podem passar a ser alvo de controlo mais apertado na fronteira.

Por último, no que respeita à segurança, o acordo contempla o que tinha sido vigente até aqui. Existirá uma contínua cooperação e troca de informações, em particular nas áreas do terrorismo e crimes graves.

Joe Biden na Presidência dos Estados Unidos

A 20 de janeiro de 2021 toma posse o quadragésimo sexto Presidente dos Estados Unidos.  Joe Biden prometeu reverter muitas das posições tomadas por Donald Trump e regressar ao Acordo de Paris. O democrata sempre afirmou a sua preocupação com o meio ambiente, sendo a redução de 28% da emissão de gases com efeito de estufa, entre outras, uma meta a atingir. 

Joe Biden prometeu ainda lutar pela afirmação da posição americana na integração e cooperação internacional, pelo que, como novo inquilino da Casa Branca, deverá restabelecer as relações económicas e sociais perdidas no passado. Vamos assistir, provavelmente, a uma presidência com um pensamento assente nos valores democráticos e sociais estabelecidos pelas instituições globais no Pós-Guerra.

O novo ano é de esperança. Social, económica, política e ambiental.  

Artigo da autoria de Ricardo Terrinha. Revisto por José Milheiro e Marco Matos.