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Política

SÍRIA: UM CONFLITO À ESCALA MUNDIAL

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A Síria, país de extrema importância no mundo árabe, mantém um conflito desde 2011, do qual já fazem parte forças globais como a União Europeia, os Estados Unidos da América e a Rússia.

Por estar rodeada por vários países, a Síria tem grande influência na distribuição do petróleo: a rota pela Síria permite que este chegue muito mais facilmente ao Ocidente, acabando por se constituir como um ponto de interesse estratégico para outros países. Mais ainda, devido à sua localização geográfica, torna-se numa “ponte” entre o Ocidente e o Oriente.

A Síria abriga uma sociedade bastante diversificada – muçulmanos, cristãos, árabes, minorias curdas e arménias, sunitas e xiitas – o que provoca conflitos internos, agravados pelo facto de algumas destas comunidades apoiarem o regime e outras não.

Desde que o conflito se desencadeou, já provocou cerca de 300 mil mortes de cidadãos sírios, 11 milhões de desalojados e destruiu diversos bairros.

Mas afinal…

O que desencadeou o conflito?

Em março de 2011, romperam protestos na cidade de Deraa, no sul do país, após o Estado ter prendido e torturado um dos jovens que pintou slogans revolucionários no muro de uma escola, relacionados com o espírito da Primavera Árabe.

Nesta manifestação contra o governo de Bashar Al-Assad, as forças de segurança abriram fogo contra os civis, algo que acabou por intensificar a revolta e deu início à guerra civil.

No ano de 2012, o conflito arrastou-se para a capital, Damasco, e para a segunda cidade do país, Alepo. Hoje em dia, a guerra atingiu dimensões imprevisíveis e está a ter repercussões a nível global.

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Qual a relação do Estado Islâmico com esta guerra?

Com o clima de caos, surgiu o Estado Islâmico (EI). Afirmam ser seguidores do Islão, preconizando uma visão da religião extremada e fundamentalista, não tolerando opositores. Recentemente têm vindo a crescer, espalhando os seus princípios através da Internet, de modo a angariar soldados e fiéis.

O EI tomou posse de áreas na Síria e no Iraque e proclamou um “califado” em 2014, o que viria a mudar o rumo das hostilidades. A partir deste momento, a principal preocupação deixou de ser combater os alegados crimes de guerra de Assad, para passar a ser a derrota do EI.

Em setembro de 2014, uma coligação liderada pelos Estados Unidos bombardeou a Síria, com o objetivo de enfraquecer o EI. No entanto, foram evitados ataques que pudessem favorecer as forças de Assad.

O que defendem os EUA?

Os EUA opõem-se ao regime de Bashar Al-Assad e ao Estado Islâmico, apoiando grupos rebeldes moderados.

Foi criada uma coligação “anti-EI” liderada pelos EUA, da qual fazem parte o Canadá, Austrália, França, Reino Unido, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Turquia e vários países árabes. Esta coligação deu início aos ataques aéreos no Iraque e na Síria.

Em setembro de 2014, Barack Obama fez um discurso onde afirmou ser “necessário um novo líder e um governo inclusivo, que una o povo sírio na luta contra os grupos terroristas”.

O que defende a Rússia?

O surgimento do EI trouxe a Rússia à cena: o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia declarou que os bombardeamentos russos teriam como objetivo atingir os jihadistas, impedindo-os de ganhar espaço em zonas sírias.

Mais tarde, o governo russo afirmou que atacaria “todos os terroristas da Síria” e não só o Estado Islâmico, incluindo, assim, qualquer opositor ao regime de Assad.

Representantes da ONU, porém, sugeriram que a Rússia poderá ter bombardeado uma equipa de ajuda humanitária, cometendo assim um crime de guerra. Por sua vez, a Rússia recusa as responsabilidades e afirma que o incidente terá sido causado por fogo rebelde ou por um drone dos EUA.

Que consequências tem este conflito?

Com a intensificação do clima de guerra, os habitantes da Síria começaram a abandonar as suas casas, partindo para outros territórios em busca de paz. Países vizinhos como Líbano, Jordânia, Turquia e Iraque, juntamente com a Europa, foram os principais destinos destes habitantes que, por serem forçados a abandonar o seu lar, adquiriram o estatuto de “refugiados”.

Os constantes bombardeamentos atingem civis inocentes e destroem infraestruturas, deixando cidades como Alepo completamente degradadas.

Staffan De Mistura, o enviado especial da ONU para a Síria, alertou, no início do mês, para a possibilidade dos bairros de Alepo serem totalmente arrasados: afirmou que “a este ritmo, daqui a dois meses a cidade de Alepo será totalmente destruída” e que “milhares de civis, não terroristas, serão mortos”.

Segundo a UNICEF, só na primeira semana do mês de outubro, 96 crianças morreram e 233 ficaram feridas devido aos bombardeamentos em Alepo.

A estes números somam-se mortes que desde então já sucederam devido aos constantes bombardeamentos que se têm dado ao longo do mês de outubro: no passado dia 12 de outubro, um bombardeamento sobre Alepo matou pelo menos 25 civis e cinco crianças.

“Dezenas de milhares de crianças bebem água suja porque uma estação de tratamento foi bombardeada e outra encerrada. Os médicos são obrigados a deixar crianças morrer para conseguirem salvar outras com escassos recursos médicos” disse em comunicado Anthony Lake, chefe executivo da UNICEF.

No início deste mês, o Papa apelou a um cessar-fogo imediato, para que existisse “pelo menos o tempo necessário para permitir a retirada dos civis, antes de mais as crianças”.

A Síria tornou-se, assim, um palco de confrontos entre potências ocidentais; os refugiados, um símbolo de guerra; e as imagens de crianças em cenários de destruição, um pedido de cessar-fogo.