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Desporto

NUNO CARVALHAIS: “O ANDEBOL DEU UM PASSO GIGANTE A NÍVEL QUALITATIVO”

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À conversa com o JUP, Nuno Carvalhais falou de como surgiu o gosto pelo andebol e de como aos 22 anos consegue ser uma das promessas da modalidade em Portugal e além fronteiras, a propósito da atribuição do prémio de melhor atleta masculino, atribuído pela Federação Académica do Porto (FAP), com o qual foi distinguido no dia 28 de junho na Gala do Desporto. O atleta que frequenta o terceiro ano da licenciatura em Ciências do Desporto na Faculdade de Desporto do Porto (FADEUP) está neste momento na Alemanha num novo projeto que teve oportunidade de explicar em que é que consiste.

Com que idade surgiu o gosto pelo andebol?

Começou muito cedo pelo facto de tanto o meu avô, como o meu pai e o meu irmão, que é mais velho do que eu 8 anos, terem todos praticado a modalidade. Não sei dizer ao certo quando despertou o gosto pelo andebol, mas com 4 anos comecei a treinar no Estrela e Vigorosa Sport, uma pequena academia de crianças, e muito provavelmente terá sido ai.

Quando é que passaste a integrar a equipa masculina de andebol da FADEUP? O que te levou a tomar essa decisão?

Acho que foi em 2010. Já tinha alguns amigos que faziam parte da equipa e que ainda fazem, como é o caso do treinador Nuno Farelo, do Edgar Cruz e do Miguel Vieira. Achei que era uma boa oportunidade para me divertir um pouco. Por outro lado, sempre quis conquistar um prémio coletivo pela FADEUP, já que a equipa não era campeã de andebol há alguns anos.

Antes de fazeres parte do plantel da FADEUP passaste por diversas equipas como o ISMAI, Madeira SAD e até foste campeão sénior pelo FC Porto nas épocas 2012/2013 e 2013/2014. Destes projetos qual deles te deu mais gozo fazer parte?

É uma pergunta difícil. Para começar, eu sou portista desde miúdo, não tinha grande hipótese de ser de outra equipa, dado que praticamente toda a minha família também o é. Também joguei 10 anos com o símbolo do Futebol Clube do Porto. Grande parte das minhas melhores memórias e momentos foram atravessados durante essa fase. No entanto, no ISMAI tive um óptimo treinador, o Ricardo Costa, que além de me transmitir ideias diferentes sobre o andebol também me fez crescer muito enquanto pessoa. E por fim, o Madeira SAD acabou por ser onde me senti melhor em termos de ambiente de equipa, o nosso balneário era fantástico e contribuiu imenso para que, numa fase em que tinha que assumir mais o jogo porque nos faltava um lateral que estava a representar a seleção Angolana, me sentisse confiante e motivado.

Quais foram as principais dificuldades que encontraste para conciliar o desporto de alto nível com os estudos?

Eu nunca considerei dificuldades, mas sim desafios. Penso que o maior desafio é manter o foco nas duas vertentes o ano inteiro, isto é, não deixar que um fraco rendimento escolar ou desportivo interfira com o resto.

Qual é a sensação de ser distinguido com o prémio de melhor atleta masculino de andebol pela FAP?

Foi muito bom, não estava nada à espera. Primeiro, porque temos uma equipa muito completa, com bons valores individuais onde qualquer um podia ter ganho o prémio, e depois devido à minha atividade desportiva. Nem sempre consegui comparecer aos jogos, como por exemplo o da final dos Campeonatos Nacionais Universitários (CNU).

Era um objetivo alcançar esta distinção?

A minha mentalidade em todas as competições é tentar fazer o melhor possível pela equipa, nunca penso realmente nos prémios individuais. Se surgir a possibilidade de ganhar, melhor. Mas, sinceramente, nunca foi objetivo, apenas pensei nisso quando recebi a informação de que estava nomeado.

O que é preciso para vencer este prémio?

Estou extremamente satisfeito, comigo e com a restante equipa que contribuiu para o meu sucesso. Num desporto coletivo, pode haver sempre quem se destaque, mas nunca se consegue nada sem o esforço e apoio da equipa. Esses aspetos foram cruciais para obter esta distinção individual.

Vais continuar a fazer parte da equipa da FADEUP na próxima época desportiva?

Infelizmente não vou poder fazer parte da equipa no próximo ano, porque estou a jogar na Alemanha.

Atualmente, estás envolvido num projeto na Alemnha. Podes explicar-nos em que consiste esse projeto e quais as portas que te poderá abrir na tua carreira desportiva?

Estou a representar uma equipa da terceira divisão alemã cujo objetivo é a subida de divisão. É um excelente projeto, a equipa é muito jovem, a média de idades ronda os 20/21 anos, temos umas condições óptimas de treino e de residência. Se conseguirmos subir de divisão, na próxima época estaremos a jogar num campeonato muito forte e muito competitivo. Aqui o andebol é, muito provavelmente, a modalidade rainha ou está a par do futebol. Tanto a segunda como a terceira divisão são muito fortes, o que me trará uma grande evolução como jogador.

Pretendes ficar a jogar na Alemanha ou regressar a Portugal?

Sinceramente não sei, ainda é muito cedo para ter certezas. Quero começar o campeonato e saber se me consigo projetar. Gostava de ficar, pelas razões que já referir. Se não ficar, depois decido com calma.

Achas que os incentivos na modalidade são melhores na Alemanha do que em Portugal?

Não só os incentivos são melhores, como também a forma como se encara a modalidade. É uma realidade completamente diferente. Por exemplo, aqui estamos a falar de uma equipa da terceira divisão. O pavilhão da equipa que estou a representar tem lugar para 3000 espectadores, que fica meio cheio em jogos amigáveis, como já aconteceu este ano. Os incentivos são muito bons, há muitos colegas de equipa que estão a ser pagos pelo clube, e que conseguem carros, conseguem alugar casas e ter alimentação tudo pago pelo clube. É fantástico.

Achas que o desporto universitário em Portugal recebe os apoios necessários?

Infelizmente não. Quem me conhece já me ouviu dizer isto muitas vezes. É pena que assim seja, porque todos os anos temos excelente resultados a nível internacional, basta ver pelo percurso da equipa da Universidade do Minho. Temos universidades de desporto e cujos alunos são por inerência praticantes de desporto, não faz sentido não se apoiarem estas equipas, quando temos a possibilidade de chegar aos melhores lugares a nível mundial.

De um ponto de vista mais global, como é que achas que o andebol é visto em Portugal nos dias de hoje?

Neste momento acredito que o andebol deu um passo gigante a nível qualitativo relativamente a outros anos, isto porque tivemos uma equipa que se destacava das restantes e que ganhou sete campeonatos consecutivos. A competitividade dividia-se pelos três grandes clubes: Porto, Benfica e Sporting. Em dois anos apareceu o ABC a quebrar essa hegemonia. A vinda de estrangeiros de qualidade como o Carlos Ruesga, o Alexis Borges, o Frankis Carol e o Spelic veio acrescentar mais qualidade ao andebol português e trouxe a necessidade das equipas se reforçaram e trabalharem ainda mais.

Quais os principais objetivos para o futuro?

Neste momento o meu principal objetivo é ser campeão da terceira divisão alemã. O meu sonho é jogar pela seleção nacional, um dia regressar ao FCP e, quem sabe, acabar lá a minha carreira.