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Desporto

Futsal: Casa cheia para a última dança de Ricardinho de quinas ao peito

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Com as bancadas cheias e um ambiente de emoções fortes, Ricardinho regressou a Gondomar, terra que o viu nascer, para escrever um ponto final na carreira de internacional.

O Multiusos de Gondomar foi o palco desta noite de festa que colocou frente a frente os bicampeões da Europa e campeões do mundo e a seleção da Bélgica diante de 2759 espectadores. A primeira de duas partidas de preparação para o Campeonato do Mundo de Futsal 2024.

Ainda antes do apito inicial, como seria de esperar, houve tempo para as primeiras homenagens à lenda do futsal. Ricardinho entrou em campo e escutou o hino de mão dada com os seus filhos e, minutos depois, foi galardoado por Marco Martins, presidente da Câmara de Gondomar, com um troféu de agradecimento. Momento que mereceu um longo aplauso de todos os presentes no pavilhão.

Os últimos dez minutos de uma lenda

Ricardinho, como não poderia deixar de ser, entrou de início e a envergar a braçadeira de capitão. O jogo até começou favorável à seleção da casa, mas acabariam mesmo por ser os belgas os primeiros a faturar nesta noite.

Depois de duas boas oportunidades para ficar na frente do marcador, Portugal sofreu após boa jogada de contra-ataque dos visitantes na sua primeira oportunidade do jogo. Aos dois minutos de jogo, Steve Dillien recebeu isolado e finalizou para abrir o marcador em Gondomar.

A noite era de Ricardinho e a lenda não desapontou na sua última oportunidade brilhar com a camisola lusa. Dois minutos depois do golo belga, o “génio” do futsal recebeu a bola dos pés de Pany Varela e espalhou magia. Saiu com a bola nos pés ainda antes do meio-campo, fintou Ahmed Sababti e finalizou sem hipótese para o guardião belga. Estavam feitos o empate e o último golo da carreira de Ricardinho por Portugal.

Com dez minutos jogados, deu-se o grande momento do jogo: o jogo parou. O cronómetro parou de contar e foi tempo de todos os presentes se despedirem de Ricardinho. A lenda, o número 10, saiu sob uma chuva de aplausos num ambiente de comoção geral. Foi tempo de tirar fotografias para a posteridade, abraçar os colegas, a família, os amigos e agradecer a todos os que foram até Gondomar para, pela última vez, verem o “Mágico” envergar a camisola portuguesa.

Antes da partida reatar, Ricardinho entregou a braçadeira de capitão a João Matos e disse adeus aos pavilhões ao serviço da seleção.

O resto da primeira parte manteve a tendência de superioridade portuguesa. Somaram-se oportunidades, a Bélgica, inclusive, chegou às cinco faltas ainda antes dos 15 minutos, mas nada foi o suficiente para dar a cambalhota no marcador.

Ineficácia portuguesa vs determinação belga

Para a segunda parte, os visitantes pareciam ter entrado mais determinados em levar a vitória de Gondomar. Ainda assim, Portugal tinha mais bola e podia ter ameaçado mais.

Talvez pelo caráter de homenagem e amigável do jogo, viu-se muitas vezes os jogadores portugueses a perder a bola com fintas exageradas ou incursões arriscadas com a bola. Por outro lado, os belgas, que vieram determinados a vencer, aproveitaram as perdas de bola, montaram um contra-ataque rápido e colocaram-se em vantagem no marcador.

Gabriel D’Angelo foi o primeiro a fazer o gosto ao pé na segunda parte. O belga fez um remate fraco de pé esquerdo, mas a bola desviou em Fábio Cecílio e traiu Edu, guardião do Viña Albali Valdepeñas, que viu a bola entrar junto ao seu poste direito.

A seleção portuguesa mantinha a superioridade com a bola no pé. Chegou a ameaçar as redes belgas, mas ora falhava a finalização, ora Bram Meyers, guarda-redes belga, protagonizava grandes defesas. Apesar disso, a seleção belga voltou a marcar e dilatou a diferença no resultado.

Outra vez a partir de um contra-ataque rápido, D’Angelo conduziu com muita velocidade e deixou para Jawad Yachou que, à boca da baliza, só teve de finalizar. Com 37 minutos jogados, 1-3 era o resultado para os visitantes.

Sobrava pouco tempo para jogar e Jorge Braz, selecionador nacional, apostou no 5×4 com a entrada de Tiago Brito e ainda conseguiu reduzir. Assistido pelo próprio Tiago Brito, Bruno Coelho finalizou para o 2-3 e reanimou as esperanças portuguesas.

A resposta foi rápida, eficaz, mas insuficiente. A seleção nacional bem tentou chegar ao empate, mas a equipa belga anulou as oportunidades portuguesas e saiu com uma vitória do Pavilhão Multiusos de Gondomar. 2-3 foi o resultado final.

188 vezes depois, soou, pela última vez, a buzina numa partida da seleção nacional com o nome de Ricardinho na ficha de jogo. Aplausos de pé durante muitos minutos para agradecer ao nome maior da história da modalidade em Portugal e no mundo.

No final do jogo Jorge Braz mostrou-se emocionado com a noite de homenagem, orgulhoso do percurso de Ricardinho e confiante com o futuro. “O Ricardo representa muito do que fizemos. Já seguimos no Europeu e agora há que seguir e desenvolver o trabalho, continuar a dar alegrias aos portugueses e não o que fizemos hoje. Tenho total confiança no futuro.”, concluiu.

Ricardinho falou do sentimento de se despedir “em casa” e fez um balanço de uma carreira em que conquistou quase tudo. “A minha primeira grande competição pela Seleção foi aqui em Gondomar, fui recebido assim. Agora despedi-me da mesma forma e não há palavras. O carinho sentiu-se a cada minuto. Tenho de me sentir orgulhoso por todo o trajeto que fiz pela Seleção. Temos presente e futuro com esta equipa.”, referiu.

Portugal volta a entrar em campo já este sábado, dia 9, para novo jogo de preparação frente à Bélgica, desta vez no Pavilhão Municipal de Santo Tirso.

Artigo da autoria de Tiago Sousa